Ela causa constrangimento e, portanto, tem grande impacto na vida social. Apesar de ser considerada erroneamente como um problema exclusivo dos idosos, a perda involuntária de urina, chamada de incontinência urinária, afeta entre 10 e 15% das mulheres adultas, de acordo com o urologista Luis Seabra Rios, chefe do Departamento de Urologia Feminina da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Nos homens dessa faixa etária, a incidência é mínima.
Afinal, qual é o motivo da diferença entre os sexos? “A uretra feminina é mais curta, com 3 a 4cm, e sofre agressão, principalmente por causa da gestação e do parto. Além disso, o mecanismo muscular de controle da urina no homem é mais forte. No entanto, cerca de 10% dos pacientes do sexo masculino submetidos à cirurgia de retirada de câncer da próstata desenvolvem o problema”, disse o médico. “Quando há fraqueza do períneo (região entre a vagina e o ânus, conhecida também por assoalho pélvico), surge a tendência de a bexiga descer e causar a perda involuntária, mas a relação não é direta. Nem todos que têm problemas no períneo apresentam a incontinência.”
Existem várias formas da doença. As mais comuns são a incontinência de esforço (quando se elimina a urina ao tossir, espirrar, levantar peso), causada pela perda da capacidade do esfíncter urinário (válvula que mantém a urina na bexiga); e a de urgência (vontade urgente de urinar, sem dar tempo de chegar ao banheiro), que ocorre por uma disfunção da bexiga.
Tratamentos
A incontinência urinária tem tratamento, sim, e consiste em medicamentos, fisioterapia ou cirurgia, de acordo com cada caso. Quanto mais severa, maior é a chance de uma intervenção cirúrgica.
Aliás, até mesmo o queridinho dos consultórios dermatológicos para aliviar as rugas, o Botox (toxina botulínica), entra na lista de possibilidades. “Por meio de uma endoscopia, o produto é introduzido com uma agulha na parede da bexiga. É indicado para quem tem o órgão hiperativo e não respondeu aos outros tratamentos.”
Prevenção
A prevenção da incontinência é um assunto controverso, segundo Rios. “Não é considerada uma patologia evitável, embora alguns estudos apontem índices menores de ocorrência quando a mulher faz exercícios do assoalho pélvico.”
Na dúvida, se pretende contrair e relaxar com frequência a região do períneo para driblar a situação, é melhor procurar um médico. “Quando o músculo já é muito forte, não é bom. Se não for necessário e fizer o exercício, pode trazer prisão de ventre, retenção de urina, dor no ato sexual”, afirmou a fisioterapeuta Elza Baracho, coordenadora do serviço de fisioterapia da Uromater do Hospital Mater Dei e professora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.
Crianças e idosos
As crianças também podem ter incontinência urinária, quando não conseguem controlar a urina durante o sono. “A enurese noturna é decorrente de retardo no amadurecimento neurológico do controle da bexiga. O processo deve estar completo entre 4 e 4,5 anos, mas isso não acontece com uma parcela delas”, disse o urologista.
A situação tende a se resolver espontaneamente, mas é interessante procurar um médico. Pede tratamento se passar a ser um problema social, como no caso de um garoto de 10 anos não dormir na casa de colegas por esse motivo. Em geral, as apostas médicas são remédios e, eventualmente, fisioterapia.
Os idosos, por sua vez, são os mais atingidos. De 30 a 50% de todos eles, sejam homens ou mulheres, perdem urina involuntariamente.
Patricia Zwipp
Terra