Alguns políticos da oposição e muita gente nas redes sociais vem divulgando ou pedindo a tese do impeachment. Como se tirar uma presidente eleita fosse, assim, coisa corriqueira – e como se não fosse melindrar os outros 50% que votaram nela, ainda mais com a tese sendo propalada sem fatos específicos que a sustentem. Isto pode mudar, mas até aqui o que temos são trechos selecionados e vazados na imprensa de delações premiadas do escândalo da Petrobras, muitas das quais tiradas de contexto e direcionadas de acordo com interesses político-midiáticos, quando não dos advogados dos réus.
Seja como for, as recentes pesquisas de opinião dando conta da queda abissal de popularidade do governo devem ter animado os “impeachmistas”. A imagem pessoal de Dilma foi bastante afetada nos últimos meses – o que somado ao pessimismo econômico abre um campo fértil para teses como a da “derrubada” da presidente.
De dezembro para cá a popularidade de Dilma despencou. E com um agravante: sua imagem pessoal – antes marcada pela “competência” e “trabalho” – está na berlinda, mostram as pesquisas.
Segundo o último Datafolha, não apenas seu governo está mal avaliado (42% de ruim/péssimo), mas a própria figura da presidente. 47% disseram que Dilma é “desonesta”; para 54% ela é “falsa” (três anos atrás apenas 13% achavam isso). Hoje apenas 35% a consideram “sincera” (contra 73% três anos atrás). E um dos principais atributos positivos do passado – ser “decidida” – minguou de 82% para 46%.
Pela primeira vez em muitos anos “corrupção” (21%) aparece como um dos principais problemas do país, perdendo apenas para “saúde” (26%), ao mesmo tempo em que 52% afirmam que Dilma “sabia da corrupção na Petrobras e deixou que ela ocorresse”.
Tudo isso é significativo porque a imagem individual do governante é um trunfo: abre-lhe campo de manobra. Pode jogar com sua popularidade e a identidade fixada junto à população conforme as circunstâncias. Se esta imagem esmaece, é uma carta a menos na manga. Aliado ao quadro econômico desfavorável, se tem um horizonte nublado no qual Dilma pode ficar exposta como alvo.
Governos impopulares podem reverter o quadro ou podem permanecer assim até o fim. No Brasil exemplos não faltam. José Sarney e FHC terminaram mandatos com baixa popularidade. Situação ruim e insatisfação não são sinônimos de impeachment.
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