Mais de 80% da população brasileira já vive em cidades, segundo dados da nova edição do Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, lançada na última terça-feira (14), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, a urbanização cresceu de forma desigual, abrangendo poucas cidades que concentram população e riqueza e multiplicando pequenos centros urbanos que abrigam uma força de trabalho pouco qualificada e fortemente vinculada às atividades primárias.
O atlas atualiza as informações geográficas sobre o território brasileiro, articulando textos e imagens de satélite produzidas com técnicas avançadas, ampliando a capacidade de observar a complexa realidade do País.
As aglomerações urbanas e as 49 cidades com mais de 350 mil habitantes abrigam 50,0% das pessoas em situação urbana no País e detêm, aproximadamente, 65,0% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. No outro extremo, estão 4.295 municípios com menos de 25 mil habitantes, que respondem por 12,9% do PIB.
Na evolução da rede urbana brasileira, observa-se a predominância de 12 centros que reforçam sua atuação e se mantêm como as principais cabeças de rede do sistema urbano brasileiro entre 1966 e 2007. No topo, além de São Paulo, figuram Rio de Janeiro e Brasília. O quadro é completado com Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Goiânia.
Interiorização
O Atlas revela ainda que o Brasil teve sua geografia alterada na última década no sentido de aprofundar o processo de interiorização, o que se expressa pela expansão das cadeias produtivas de carne, grãos e algodão em direção ao Centro-Oeste e ao Norte, a exemplo dos municípios de Sorriso e Lucas do Rio Verde, ambos em Mato Grosso.
Nessa região, a expansão de uma agropecuária caracterizada pelo emprego de máquinas e insumos explica que sua expansão econômica tem reforçado um processo de urbanização que cresce em apoio a essa atividade pouco absorvedora de mão-de-obra.
Isso revela uma modificação na geografia brasileira ocorrida na última década, aprofundando o processo de interiorização e alterando o traçado da rede urbana nacional, a densidade e mobilidade populacional, a articulação do espaço econômico e a intensificação do uso de recursos naturais.
O Atlas Nacional do Brasil Milton Santos capta dois importantes processos da dinâmica brasileira na primeira década deste século: a melhoria de condições de vida de parte da população e a valorização da potencialidade do território. Responsável pela difusão do conhecimento geográfico do Brasil entre estudantes de todos os níveis de ensino, o Atlas reúne o maior conjunto de informações levantadas pelas instituições públicas do País, constituindo-se como instrumento estratégico para o planejamento de seu futuro.
Fonte:
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)