“”Ontem o demônio esteve aqui e esse lugar cheira a enxofre”, afirmou Chávez, aludindo à presença em Nova York de Bush, na véspera.
Chávez atacou a “falsa democracia das elites” e a “democracia através de bombas” promovida por Bush e, referindo-se a ele como “ditador imperialista”, pediu que a ONU reduza a influência que os Estados Unidos têm neste organismo.
Mostrando o livro “Hegemonia e sobrevivência”, do escritor Noam Chomsky, um intelectual americano de esquerda que também é um feroz detrator da política de Washington, Chávez, aplaudido no fim de seu discurso, disse que Bush falou na ONU terça-feira “como se fosse o dono do mundo”.
“Os imperialistas vêem extremistas em todos os países do mundo. Não somos extremistas, o que está acontecendo é que o mundo está despertando. Eles nos chamam de extremistas porque nós rebelamos contra o imperialismo”, afirmou.
Se os povos do Afeganistão, do Iraque ou do Líbano, pudessem, eles diriam a Bush: “Império “yankee, go home”! Isso é o que diriam os povos do mundo”, exclamou Chávez.
Afirmando que seria preciso consultar um psiquiatra para poder explicar o discurso de Bush, Chávez disse que “a pretensão hegemônica do imperialismo americano põe em perigo a existência da espécie humana”.
O presidente venezuelano se referiu em seu discurso à recente ofensiva israelense contra o Hezbollah no Líbano, acusando Washington de apoiá-la e de lamentar, em seguida, as destruições provocadas pelo “fogo imperialista de Israel”.
Chávez também acusou o governo americano de ter uma posição ambígua em relação ao terrorismo, e citou como exemplo o caso do cubano-americano Luis Posada Carriles.
“Onde está o maior terrorista deste continente? Está aqui mesmo, nos Estados Unidos, protegido por este governo. Este terrorista é Luis Posada Carriles”, disse Chávez.
Posada Carriles, 78 anos, está preso em El Paso (Texas, sudoeste) desde maio de 2005 por entrar ilegalmente nos Estados Unidos, e está sujeito a uma ordem de deportação.
A Venezuela acusa Carriles de ter planejado, em seu território, um atentado contra um avião cubano que deixou 73 mortos em 1976, e Cuba o acusa de ter cometido atentados contra hotéis em Havana, em 1997, e contra interesses cubanos no exterior a serviço da CIA.
“Bush deveria ser julgado por um tribunal internacional por genocídio”, afirmou Chávez, referindo-se à guerra no Iraque.
A Casa Branca escolheu não reagir ao discurso do presidente venezuelano, considerando que “não vale a pena fazer comentários”, segundo as palavras do porta-voz da Segurança Nacional, Frederick Jones.
Questionado sobre a candidatura da Venezuela a uma cadeira não-permanente no Conselho de Segurança da ONU, Chávez denunciou a existência de “ameaças” proferidas pela Casa Branca a países pobres que apóiam a aspiração venezuelana.
Segundo ele, estas ameaças seriam o fim do apoio do Banco Mundial ou do Fundo Monetário Internacional a estes países. “A ONU está cheirando a enxofre”, reiterou Chávez antes de se despedir.