O Brasil não vai acatar o ultimato dado pelo governo venezuelano para que ratifique a adesão da Venezuela ao Mercosul. Depois de ouvir as ameaças e críticas de Hugo Chávez, que deu prazo até setembro para a aprovação da entrada da Venezuela no bloco, a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, disse: “Ninguém vai estabelecer prazo para país nenhum. Nem nós. Ninguém estabelece prazo para nós e nem nós estabelecemos prazo para ninguém”. Nesta terça-feira, 3, em discurso pela TV, Chávez afirmou que, se nos próximos três meses o Congresso do Brasil não ratificar o processo de adesão de seu país ao Mercosul, preparará “a solicitação de retirada” do bloco.
Ao chegar em Fortaleza onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas áreas de saneamento e urbanização no Ceará, Dilma afirmou que a relação do Brasil com os países da América Latina não tem prazo. “Essa relação será sempre necessária porque participamos do mesmo continente. Somos vizinhos e essa relação de vizinhança não é relação de escolha”.
Dilma Rousseff disse que interessa ao Brasil o relacionamento com a Venezuela do ponto de vista de integração energética, de acesso às riquezas energéticas e de parceria de estrutura e desenvolvimento da região. “Portanto, não se trata de estabelecer prazos. Ninguém vai estabelecer prazo para país nenhum”, reiterou.
A ministra afirmou ainda que o Brasil tem tido uma atitude madura e de responsabilidade nas relações coma América Latina. Ela lembrou que o Brasil tem papel estratégico na América Latina e que é interesse do Brasil manter integração econômica, geopolítica, social e cultura na região.
Lembrando que cada país tem sua característica, Dilma defendeu uma convivência civilizada com respeito às diversidades. “Qualquer iniciativa nossa é sempre do interesse para a construir um acordo. Obviamente, o Brasil tem desenvolvido essa política de acordo com a sua compreensão, dentro do critério de soberania”, disse.
Polêmica
Falando diretamente ao Brasil, Chávez ainda disse que não tem porque pedir desculpas ao Congresso Nacional, ao qual acusa de estar dominado por uma direita “oligárquica”, que recusaria qualquer mudança no modelo de integração atual.
A polêmica com o legislativo brasileiro veio depois que Chávez não renovou a concessão da emissora RCTV. O presidente venezuelano chamou de “papagaios de Washington” os parlamentares brasileiros, que pediram para o governo venezuelano reconsiderar sua decisão. No Congresso brasileiro, parlamentares de diferentes tendências afirmam precisar de “gestos” de aproximação por parte do presidente venezuelano, para superar o clima de mal estar gerado pelas recentes críticas de Chávez à Casa.
OE