A presidente Dilma Rousseff vive dias difíceis desde a sua reeleição: com o país mergulhado em uma crise política e econômica, a petista sequer consegue falar em rede nacional sem ser alvo de vaias e panelaços. Seus principais defensores estão acuados com o avanço do petrolão. No Congresso, a sequência de derrotas coloca em xeque a solução governista para reorganizar as contas públicas. E o horizonte que se avizinha não dá sinais de dias melhores para o Palácio do Planalto.
Nesta segunda-feira, o governo inicia uma das mais conturbadas semanas do segundo mandato de Dilma. Considerado um homem-bomba entre os empreiteiros investigados na Operação Lava Jato, o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, chega nesta segunda-feira a Brasília disposto a apontar, em acordo de delação premiada, os políticos envolvidos no esquema de pagamento de propina sobre contratos firmados com a Petrobras.
Amigo do ex-presidente Lula, o chefe do clube do bilhão guarda segredos sobre as campanhas de Dilma. Conforme VEJA revelou, o empreiteiro disse a pessoas próximas que pagou despesas pessoais do ex-ministro José Dirceu e deu 30 milhões de reais, em 2014, a candidaturas do PT, incluindo a presidencial. Reportagem do jornal Folha de S. Paulo mostra que a empresa de Pessoa doou 7,5 milhões de reais à campanha da petista temendo sofrer represálias do partido dela.
Enquanto Pessoa narra ao Ministério Público os desmandos do atual governo, o Movimento Brasil Livre, grupo que deixou São Paulo no dia 24 de abril, chegará à Esplanada dos Ministérios carregando a bandeira do impeachment. O pedido vai ser protocolado no Congresso Nacional na próxima quarta-feira.
Os manifestantes, porém, chegam à capital federal em um clima diferente do esperado. Embora tenham se aproximado dos partidos de oposição para pedir a saída da presidente Dilma Rousseff, as legendas não encontraram respaldo jurídico para o afastamento da petista. Com a ordem de aguardar os desdobramentos da Lava Jato, entre eles especificamente a delação de Ricardo Pessoa, os oposicionistas recuaram da proposta e decidiram ingressar com uma ação no Ministério Público contra Dilma pelas chamadas pedaladas fiscais – o que, em mais uma dor de cabeça ao Palácio, está programado para a próxima terça-feira.
No Congresso, nas mãos do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estão as medidas provisórias do ajuste fiscal, alvo de críticas até por parte dos petistas. A tendência é que sofram mais mudanças no Senado, o que vai reduzir a economia prevista pelo governo. Na Câmara, deverá avançar a minirreforma política, que traz pontos divergentes aos defendidos pelo PT, como o sistema eleitoral no modelo distritão e a permissão de doações empresariais durante as campanhas eleitorais.
Site:Veja