O primeiro-ministro palestino designado Ismail Haniyeh apresentou nesta quinta-feira ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, a lista do governo de união formado após árduas discussões e com a esperança de pôr fim à crise interna e ao isolamento.
A criação deste gabinete, negociada durante vários meses, pelos movimentos rivais Fatah, de Abbas, e Hamas, de Haniyeh, foi marcada pela violência interna que custou a vida de dezenas de palestinos entre dezembro e fevereiro.
“O primeiro-ministro designado entregou a lista definitiva do governo de união ao presidente, que a ratificará mediante um decreto”, declarou à AFP o porta-voz da presidência palestina, Nabil Abu Rudeina.
O Hamas terá, além de Haniyeh, onze ministros, contra seis do Fatah. O gabinete também incluirá quatro ministros “independentes” autorizados pelos dois movimentos, informaram.
A nomeação do titular da pasta-chave do Interior havia sido o principal obstáculo. Hani al-Qawasmeh, um alto funcionário do Ministério do Interior, será nomeado para este cargo.
Ziad Abu Amr, outro independente, será designado para as Relações Exteriores, e Salam Fayyad, do pequeno partido Terceira Via, para as Finanças, um posto que já ocupou anteriormente.
A nova equipe assumirá a dura tarefa de pôr fim à crise política interna e tentar fazer com que seja levantado o boicote diplomático e financeiro imposto após a vitória eleitoral do Hamas em janeiro de 2006.
O Conselho Legislativo Palestino (CLP, parlamento) se reunirá no sábado para votar a posse do novo governo.
Nessa ocasião, Haniyeh exporá ao CLP o programa político de seu governo.
O texto do programa, do qual a AFP obteve alguns trechos, parece uma tentativa de acalmar o Ocidente prometendo respeitar “as resoluções internacionais” e os “acordos assinados pela OLP” (Organização para a Libertação da Palestina), mas sem mencionar o reconhecimento de Israel.
Oficialmente, a posição de Israel não mudou em relação a um gabinete dominado pelo Hamas, considerado pelo Estado hebreu uma organização terrorista.
Mas um alto dirigente frisou que seu país estaria disposto a negociar com a nova equipe, sob algumas condições.
“Se o novo governo garantir uma solução rápida para o seqüestro de Gilad Shalit e para os disparos de foguetes (da Faixa de Gaza), Israel adotará um enfoque pragmático que o permitirá trabalhar com esse governo”, declarou à AFP este responsável, que solicitou o anonimato.
“Essa não é a posição do governo israelense”, se apressou em esclarecer à AFP Miri Eisin, porta-voz da presidência do Conselho em Jerusalém.
O cabo Shalit foi seqüestrado no dia 25 de de junho passado por um comando palestino que havia conseguido ultrapassar a fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel.
Até a declaração deste alto funcionário, Israel havia deixado claro que boicotaria todo gabinete palestino que não cumprisse as condições do Quarteto (União Européia, Estados Unidos, Rússia, ONU): o reconhecimento do Estado de Israel, dos acordos entre israelenses e palestinos e a renúncia à violência.
Israel não mantém contato algum com o governo palestino desde a chegada do Hamas, em março de 2006.
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