Apesar de definir prazo máximo de dois meses, ministro ressaltou que, como cidadão, “prefere ficar em casa”
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou neste domingo (29) que se o isolamento social não funcionar dentro de dois meses, a economia deve voltar a funcionar. Guedes participou de uma videoconferência com a Confederação Nacional dos Municípios (CMN). E disse ainda que, se como economista prefere a retomada da produção, como cidadão prefere ficar em casa.
“Essa linha de equilíbrio é difícil, mas é coisa de dois ou três meses, vai rachar pra um lado ou para o outro. Ou funciona o isolamento em dois meses ou vai ter que liberar porque a economia não pode parar também, senão desmonta o país todo”, disse Guedes .
O ministro defendeu isolamento social como medida para combater o aumento de casos do coronavírus, mas disse que se durar muito tempo, a economia pode entrar em colapso.
O ministro ressaltou a importância de manter as linhas produtivas essenciais durante a crise, como a produção e distribuição de alimentos: “normalmente, você aguenta um ou dois meses, com isso funcionando você talvez aguente três meses sem o colapso completo da economia”.
Na fala com os prefeitos, o ministro confrontou os períodos necessários para a saúde e a economia passarem por essa crise. Guedes disse que o tempo necessário para o isolamento social é parecido com o que a economia aguentaria nessa situação.
“Estamos esticados, espremidos, porque mais de dois ou três meses a economia não aguenta, mas menos de três meses parece que a saúde também se precipita. Então é uma decisão difícil”, disse.
O ministro acrescentou que, nessa situação, é válido que os governadores adotem medidas de isolamento, mas também é válida a posição do presidente Jair Bolsonaro, que tem defendido a saída do isolamento para diminuir os efeitos na economia.
“Eu, como economista, gostaria que nós pudéssemos manter a produção e voltar mais rápido. Eu, como cidadão, seguindo o conhecimento do pessoal da saúde, já quero ficar em casa e fazer o isolamento “, explicou.
Propostas para os municípios
O secretário especial de Fazenda , Waldery Rodrigues, também participou da conversa com os prefeitos. Depois de ouvir pedidos dos prefeitos, Guedes orientou a equipe econômica a pensar em medidas voltadas especificamente para as cidades.
“Eu queria que a equipe estude na próxima linha de defesa, o próximo reforço, a gente quer que seja muito focalizado e que desça para os municípios direto”, afirmou.
O ministro orientou que a equipe analise como fazer esses repasses, citando o Sistema Único de Assistência Social (Suas) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Mais cedo, em teleconferência com representantes da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Guedes afirmou que o governo irá utilizar os cadastros de trabalhadores informais pertencentes aos municípios como base para fazer o auxílio emergencial de R$ 600 para os informais ser distribuído de forma mais rápida.
Os representantes dos municípios também pediram flexibilização no uso dos recursos que serão enviados pelo governo federal. Os prefeitos defendem que precisam usar os valores também para folhas de pagamento e outras medidas complementares à saúde. Guedes sinalizou positivamente para a proposta.
No sábado, o ministro da Economia disse que o país foi atingido por um ‘meteoro’ e cobrou de empresários e de instituições financeiras a compra de testes do coronavírus para serem feitos nos próprios funcionários das companhias. Também afirmou que nenhum brasileiro será deixado para trás na crise e que o pacote de socorro a pequenas empresas, informais e desempregados já soma R$ 750 bilhões.
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