quinta-feira, 21/11/2024
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Grupo salafista banido na Alemanha atua no sul do Brasil

Organiza&ccedil&atildeo &quotA Religi&atildeo Verdadeira&quot, acusada de propagar radicalismo no pa&iacutes europeu, promove distribui&ccedil&atildeo de exemplares do Alcor&atildeo em Florian&oacutepolis. Campanhas semelhantes j&aacute foram realizadas em 15 pa&iacuteses.O grupo salafista &quotA Religi&atildeo Verdadeira&quot (DWR, na sigla em alem&atildeo), que foi alvo de uma megaopera&ccedil&atildeo policial na Alemanha nesta ter&ccedila-feira (15/11) e acabou sendo oficialmente banido por ordem do governo, atua no Brasil desde junho deste ano.

A p&aacutegina do grupo no Facebook mostra que o l&iacuteder da organiza&ccedil&atildeo, o palestino naturalizado alem&atildeo Ibrahim Abou-Nagie, esteve em julho no pa&iacutes e participou de uma distribui&ccedil&atildeo de exemplares do Alcor&atildeo nas ruas de Florian&oacutepolis.

O Minist&eacuterio do Interior alem&atildeo afirmou que a DWR, que promove uma vers&atildeo ultraconservadora do isl&atilde, &quotglorifica o assassinato e o terrorismo&quot e servia de fachada para o recrutamento de jovens para o grupo extremista &quotEstado Isl&acircmico&quot (EI).

A DWR come&ccedilou a ganhar notoriedade na Alemanha a partir de 2011, quando Abou-Nagie lan&ccedilou o projeto &quotLeia!&quot (&quotLies!&quot, em alem&atildeo) para distribuir 25 milh&otildees de c&oacutepias do Alcor&atildeo no pa&iacutes. Nos &uacuteltimos anos, tornou-se comum ver volunt&aacuterios do grupo (sempre do sexo masculino) distribuindo exemplares nas zonas de pedestres de cidades alem&atildes ao lado de cartazes que diziam: &quotLeia! A verdadeira palavra do teu Senhor!&quot.

Expans&atildeo para o Brasil

De acordo com a p&aacutegina brasileira do grupo no Facebook, a estrat&eacutegia de distribui&ccedil&atildeo na Alemanha foi exportada para Florian&oacutepolis. Fotografias mostram volunt&aacuterios distribuindo exemplares em zona de pedestres da capital catarinense. A estrutura, os cartazes e as camisetas usadas pelos volunt&aacuterios s&atildeo exatamente os mesmos dos usados na Alemanha. A &uacutenica adapta&ccedil&atildeo foi a tradu&ccedil&atildeo dos slogans originalmente em alem&atildeo.

Fotografias mostram que os primeiros exemplares foram distribu&iacutedos no centro da capital na metade julho. A &uacuteltima campanha ocorreu no &uacuteltimo s&aacutebado. Em uma das a&ccedil&otildees, o pr&oacuteprio Abou-Nagie, de 52 anos, que est&aacute com paradeiro desconhecido ap&oacutes as a&ccedil&otildees policiais desta ter&ccedila-feira, participou dos esfor&ccedilos de distribui&ccedil&atildeo.

Em um v&iacutedeo publicado na p&aacutegina, Nagie, fala em alem&atildeo sobre a expans&atildeo do seu projeto em Florian&oacutepolis.

&quotEstamos come&ccedilando aqui. &Eacute uma cidade muito bonita&quot, diz. Ele ent&atildeo pergunta para um homem ao seu lado, tamb&eacutem alem&atildeo, se ele j&aacute havia imaginado que estaria no Brasil promovendo o projeto. O homem diz que n&atildeo. Abou-Nagie ent&atildeo afirma: &quotEu tamb&eacutem nunca imaginei. Mas essa &eacute a vontade de Al&aacute. (…) Enfrentamos um voo de 17 horas, mas por Al&aacute isso &eacute um prazer.&quot

Em seguida, um representante brasileiro usa a c&acircmera para falar da organiza&ccedil&atildeo. &quotEste &eacute um projeto que teve in&iacutecio na Alemanha e se expandiu para a Europa. &Eacute um projeto que teve um retorno muito bom. Cerca de 360 mil pessoas aderiram ao isl&atilde ap&oacutes conhecerem a verdade. Estamos agora iniciando aqui em Florian&oacutepolis.&quot

A DW entrou em contato com representantes do projeto &quotLeia!&quot no Brasil, mas n&atildeo obteve retorno at&eacute a publica&ccedil&atildeo desta reportagem.

Al&eacutem do Brasil, recentemente a DWR promoveu campanhas de distribui&ccedil&atildeo do Alcor&atildeo num total de 15 pa&iacuteses, incluindo Fran&ccedila, Reino Unido, Su&eacutecia e &Aacuteustria.

Salafistas na Alemanha

A cena salafista, da qual a DWR faz parte, est&aacute em expans&atildeo na Alemanha. Segundo dados do governo, o movimento contava com 3.800 membros em 2011. Em julho de 2016, eram 8.900. O n&uacutemero &eacute pequeno em compara&ccedil&atildeo com o total de mu&ccedilulmanos na Alemanha, que chega a 4 milh&otildees, mas o governo j&aacute afirmou estar preocupado com a expans&atildeo do movimento e sua ideologia, que promove a sharia (a lei isl&acircmica) e a rejei&ccedil&atildeo aos valores ocidentais. Seguidores do movimento tamb&eacutem se juntaram a grupos terroristas na S&iacuteria.

No total, 820 pessoas deixaram a Alemanha para se filiarem a organiza&ccedil&otildees terroristas na S&iacuteria desde o in&iacutecio da guerra no pa&iacutes, em 2011. Segundo o Minist&eacuterio do Interior alemao, a DWR de Abou-Nagie foi respons&aacutevel por recrutar pelo menos 140 pessoas.

Em um v&iacutedeo publicado na p&aacutegina do grupo, o pr&oacuteprio Abou-Nagie afirma que &quotA democracia &eacute contra o isl&atilde&quot. Pregador sem forma&ccedil&atildeo teol&oacutegica, ele chegou &agrave Alemanha nos anos 1980 e se tornou cidad&atildeo alem&atildeo em 1994. Em 2003, ele afirmou que teve uma revela&ccedil&atildeo e come&ccedilou a promover a vertente salafista do isl&atilde no pa&iacutes.

Em uma coletiva de imprensa nesta ter&ccedila-feira, o ministro do Interior alem&atildeo, Thomas de Maizi&egravere, usou palavras duras para descrever a DWR e justificar o seu banimento. &quotSob o pretexto de promover o isl&atilde, e sob o pretexto de uma distribui&ccedil&atildeo supostamente inofensiva de tradu&ccedil&otildees do Alcor&atildeo em zonas de pedestres, mensagens de &oacutedio estavam sendo propagadas e pessoas estavam sendo radicalizadas&quot, afirmou.

O governo, no entanto, salientou que a a&ccedil&atildeo desta ter&ccedila-feira n&atildeo visa proibir a difus&atildeo da cren&ccedila mu&ccedilulmana ou a distribui&ccedil&atildeo do Alcor&atildeo, mas apenas o abuso da religi&atildeo por ativistas radicais que propagam suas ideologias extremas ou apoiam organiza&ccedil&otildees terroristas.

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Deutsche Welle/TERRA

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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