Bombeiros e equipes de limpeza trabalhavam intensamente nesta segunda-feira na capital Atenas após uma noite de destruição, quando milhares protestaram contra um novo pacote de medidas de austeridade fiscal. Funcionários trabalhavam na remoção de pedras, destroços e vidros estilhaçados pelas ruas da cidade, que ainda guardavam uma nuvem de gás lacrimogêneo.
O pacote, aprovado ontem pelo parlamento grego por 199 a 74, era uma das condições para que o país receba mais recursos do FMI e da União Europeia e evite um "default" (suspensão de pagamentos) descontrolado.
Veja galeria de fotos do protesto na Grécia
Mas a nova dose de sacrifício num país que caminha para seu quinto ano de recessão provocou a fúria popular.
Pelo menos 45 edifícios foram queimados, enquanto dezenas de lojas e cafés foram vandalizados e saqueados. Mais de 120 ficaram feridos durante as manifestações, que não ficaram restritas à capital e atingiram Salônica (a segunda maior do país) bem como as ilhas Corfu e Creta.
Pelo menos 130 manifestantes foram presos.
DISSIDENTES
Dois partidos que formam a coalizão governista na Grécia -o PASOK (esquerda) e a Nova Democracia (conservador) -expulsaram desde domingo mais de 40 deputados dissidentes, que votaram contra ou se abstiveram.
O pacote de austeridade fiscal foi aprovado por 199 votos a favor, embora os partidos governistas tenham 236 cadeiras no parlamento, e o apoio de alguns independentes.
Enquanto o PASOK expulsou 22 deputados, incluindo uma deputada que participou da fundação do partido, o ND retirou de suas fileiras outros 21.
Dessa forma, a base parlamentar de apoio ao governo encolheu sensivelmente, principalmente após a saída do Laos (direita) da coalizão.
O Laos, por sua vez, expulsou dois parlamentares que, contrariando a decisão do partido, votaram contra o pacote.
Além das "baixas" parlamentares, a aprovação do pacote também cobrou um preço alto para o gabinete do primeiro-ministro Lucas Papademos, com a renúncia de seis membros nos últimos dias.
F.COM