Se você é homem, tem entre 19 e 25 anos, e decide aproveitar o domingo para curtir um happy-hour no bairro Pedra 90, em Cuiabá, cuidado! Esses dados citados são referentes aos fatores estatísticos dos perfis de vítimas de assassinatos ocorridos no ano passado na Grande Cuiabá. Um levantamento feito pela polícia civil aponta que, entre os 305 homicídios registrados em 2009, a maioria das vítimas era homem, jovem e foi assassinada com arma de fogo. O bairro com maior número de casos de assassinatos foi o Pedra 90. O dia em que mais se mata é o domingo e, o horário, das 18h à meia-noite.
O balanço dos assassinatos foi apresentado esta manhã pelos delegados da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa. Do total de 305 assassinatos verificados no ano passado, 92,13% das vítimas eram homens, o que corresponde a 281 homicídios. O restante, 24 assassinatos, tinham como vítimas mulheres, representando 7,87% do total.
Arma e motivos dos crimes
A polícia civil também contabilizou como ocorreram estas mortes e os motivos dos assassinatos. Foram 143 mortes motivadas por suposto envolvimento com o tráfico de drogas. Brigas foram os motivos de outros 19 casos. O mesmo número – 19 assassinatos – tiveram motivos passionais. Também foram registrados casos de vingança, alcoolismo, ambição, resistência à prisão e legítima defesa.
Armas de fogo foram os meios utilizados em 72,46% dos casos para matar – 221 assassinatos. Já as chamadas “armas brancas”, como facas e facões, foram utilizadas em 45 casos de homicídio (14,75%). Até mesmo paus e pedras entram nas estatísticas, sendo utilizadas como armas em 30 casos que resultaram em morte.
Faixa etária
O delegado Márcio Pieroni, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), explicou que os homens jovens são as maiores vítimas. Um levantamento feito por faixa etária demonstra isso. “Foram 89 assassinatos com vítimas com idade entre 19 e 25 anos. Outros 65 crimes tiveram vítimas com idade entre 26 e 30 anos”, revelou o delegado.
O demonstrativo de 0 a 12 anos aponta apenas duas vítimas de assassinato ao longo do ano passado na Grande Cuiabá. Uma das vítimas foi o garoto Kaytto Nascimento, que foi assassinado por um pedófilo. Quarenta assassinatos tiveram como vítimas pessoas com idade acima de 40 anos.
O domingo é o dia da semana em que mais são registrados crimes de homicídio em Cuiabá e Várzea Grande. No ano passado, 72 pessoas foram assassinadas em domingos, representando 23,61% dos casos em comparação com outros dias da semana. O segundo dia com mais assassinatos foi o sábado, com 50 ocorrências. Em seguida vem a segunda-feira, com 49 homicídios. “Na segunda-feira, o número de homicídios é grande devido, ainda, aos acontecimentos do fim de semana”.
orário dos crimes
Engana-se quem imagina que a maioria dos assassinatos acontece de madrugada. O balanço realizado pela Polícia Civil aponta que é das 18h à meia-noite o horário que mais se mata em Cuiabá e Várzea Grande. Neste horário aconteceram 112 dos 305 homicídios, representando 26,72% do total. Depois da meia-noite até as 6 da manhã foram registrados 103 assassinatos (33,77%). De 6h ao meio-dia foram 44 casos e, das 12h às 18h, foram 46 assassinatos.
Bairro Pedra 90 lidera assassinatos
O Pedra 90, na região sul de Cuiabá, foi o bairro com o maior número de assassinatos registrados no ano passado na capital. Foram 14 pessoas vítimas de homicídio em 2009 naquele bairro. No entanto, na análise por região, o maior índice de homicídios ficou com a região norte, onde estão os bairros Altos da Serra (6 assassinatos), Planalto (6) e Novo Paraíso (5).
Dados da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontam que a região norte de Cuiabá teve 82 casos de assassinato, representando 26.88% do total de 305 homicídios registrados na Grande Cuiabá no mesmo período. A segunda colocada no ranking foi a região da Delegacia Municipal de Várzea Grande, com 78 casos e pouco mais de 25% dos crimes.
Confira abaixo a relação dos bairros com maior número de homicídios em 2009:
Região Norte de Cuiabá – 82 assassinatos
Altos da Serra – 6 crimes
Planalto – 6 crimes
Novo Paraíso – 5 crimes
Região Sul de Cuiabá – 71 assassinatos
Pedra 90 – 14 crimes
Tijucal – 9 crimes
São Gonçalo – 6 crimes
Jardim Industriário – 5 crimes
Região Oeste – 53 assassinatos
Centro de Cuiabá – 7 crimes
Dom Aquino – 5 crimes
Santa Isabel – 5 crimes
Região Leste – 22 assassinatos
Cristo Rei – 4 crimes
Parque do Lago – 3 crimes
Manga – 3 crimes
Construmat – 3 crimes
Delegacia Municipal de Várzea Grande – 78 assassinatos
Mapim – 8 crimes
13 de Setembro – 7 crimes
Costa Verde – 6 crimes
Jardim Paula – 5 crimes
Identificação dos autores
O delegado ressaltou que do total de 305 assassinatos, a delegacia chegou à marca de 91,14% de identificação dos autores desses crimes. “São nomes reais, e não apelidos. Em todo o ano passado, também conseguimos prender 81 pessoas por suspeita de envolvimento nesses assassinatos”.
O delegado Márcio Pieroni disse que cabe à DHPP apenas investigar os crimes que são cometidos. Ele cobrou, no entanto, que o governo analisasse os dados para implantar ações de combate aos crimes de assassinato. “Faltam políticas públicas para combater o tráfico de drogas, por exemplo, que motiva muitos assassinatos”. Questionado sobre a soltura de muitos acusados de cometer os homicídios, Pieroni disse que a responsabilidade é do Judiciário. “Nós temos hoje 195 pedidos de prisão de suspeitos que não foram decretadas pela justiça. Tem que questionar o Judiciário, porque estamos fazendo nossa parte”, completou.