Caiubi Kuhn, Professor na Faculdade de Engenharia (UFMT
O interesse do Governo do Estado de Mato Grosso na estadualização do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães tem ocupado espaço na imprensa nos últimos meses. Mauro Mendes, governador do estado tem afirmado que o valor de R$ 18 milhões em 30 anos é pouco, e que o estado teria a disponibilidade de investir 200 milhões em 4 anos. Este texto apresenta soluções para o impasse sobre o tema, na busca por melhorias da estrutura turística da região.
Primeiramente, cabe esclarecer ao leitor que estadualização e concessão são duas coisas diferentes. Na estadualização, tanto a gestão ambiental, as terras do parque e a gestão dos atrativos turísticos passariam do Governo do Federal, para o Governo do Estado. Na concessão, apenas a gestão dos atrativos passa para a iniciativa privada por 30 anos, porém a gestão ambiental e as terras do parque continuam pertencendo ao Governo Federal.
A concessão dos atrativos ocorreu no ano de 2022, por meio de um pregão na Bolsa de Valores do Brasil (B3), e foi vencido pela empresa Parquetur, que arrematou o direito de gerir os atrativos do parque por pouco mais de 1 milhão de outorga, e o compromisso de investir R$ 18 milhões além dos gastos de operação da área.
De fato, concordo com o Mauro Mendes que o valor não é nem de perto o que Chapada merecia. Porém, o valor é infinitamente maior que o montante investido pelo Governo do Estado nos parques estaduais existentes no município de Chapada dos Guimarães. Sim, para quem não sabe, existem duas unidades estaduais em Chapada dos Guimarães, senda elas o Parque Estadual da Quineira (Lei 8.615/2006) e o Mirante – Monumento Natural do Centro Geodésico da América Latina (Decreto nº 350/2020). Nestas áreas, não existe nenhum investimento do Governo do Estado. Como mato-grossense e chapadense, tomo a liberdade de sugerir ao governador onde investir parte dos 200 milhões que diz ter disponível, visando a melhoria da estrutura e do turismo na região.
O Parque da Quineira, fica localizado dentro do perímetro urbano, entre a MT 251 e a piscina pública. A área poderia ser um excelente parque urbano, com pistas de caminhada, jardins, centros de interpretação entre outros tipos de estruturas.
O Mirante, mesmo sem estrutura, e interditado devido aos riscos ambientais que são causados pelas erosões que crescem a cada ano por falta de providência, ainda assim, é um dos principais atrativos do município e recebe muitos visitantes. O local poderia ser perfeitamente estruturado para o turismo, com oferta de serviços de alimentação, estacionamento e interpretação turística.
Outro local, que deveria estar sob a gestão do governo estadual, é o Chalé dos Governadores e a Usina Casca I, ambos acabaram sendo privatizados junto com o patrimônio da antiga CEMAT, porém são parte do Patrimônio Cultural Mato-grossense, e integram a história do estado. No local existe um magnífico cânion e várias cachoeiras, todavia as construções históricas estão quase em ruinas, devido à falta de cuidados. Este local poderia ser um espaço fantástico que integrasse turismo de natureza, história e até mesmo esportes radicais. A criação de complexo museológico que englobasse as estruturas existentes, pode ser uma ótima saída para a situação.
Chapada dos Guimarães e o estado de Mato Grosso, ganhariam muito com a estruturação dos dois parques estaduais citados e com a criação de um complexo estadual na região do Chalé dos Governadores. E se o estado tem dinheiro, por que não investir nos locais onde já deveria ter investido e estruturado? Talvez o governador não tenha conhecimento sobre esses locais, e por isso, espero que este artigo tenha auxiliado. Chapada merece investimentos e cuidado, e é preciso que o Governo faça sua parte.
Caiubi Kuhn, Professor na Faculdade de Engenharia (UFMT), geólogo, especialista em Gestão Pública (UFMT), mestre em Geociências (UFMT).