O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem uma agenda para o segundo mandato. Segundo FHC, o governo petista perdeu o rumo tentar realizar alianças entre as forças políticas e econômicas, principalmente depois dos escândalos virem à tona.
O sociólogo afirma que há apenas uma “aspiração geral” de planejamento e crescimento econômico durante o segundo mandato. “Discutiu-se uma vaga aspiração de 5% de crescimento na economia. Se você quer 5%, melhor querer logo 10%. Isso não é agenda. Isso é aspiração geral”, disse. Para crescer, segundo FHC, o País precisa aumentar a produtividade e investir em educação.
FHC acredita também que há uma falsa idéia de esquerda quando acredita-se em uma ideologia baseada no capitalismo estatal. “As pessoas preferem o Estado ao mercado. Todos. No fundo, nossa ideologia básica, embora não explicitada, é que bom mesmo é uma sociedade igualitária, sem mercado, bancos, juros, onde só tenha Estado”, afirmou o ex-presidente. “As pessoas preferem um capitalismo atrasado a um capitalismo avançado”.
E, apesar da “retórica”, FHC diz que houve continuidade no setor econômico. Segundo ele, o governo Lula apenas conseguiu convencer a população de que nada precisaria ser mudado. “O PT teve a virtude de convencer o país de que precisava mudar tudo. Não mudou nada, mas convenceu de que precisava mudar tudo. É uma questão política”.
Sobre o futuro do governo, FHC diz não saber qual será o rumo, mas acredita que Lula está em uma situação melhor comparado ao seu mandato. “Eu peguei contra na situação internacional. E o momento da reeleição foi o pior. Isso não ocorre agora. Não tem problema externo. A questão do segundo mandato é política, disse o ex-presidente”, afirmou à Folha.