O governo federal voltou atrás no comunicado feito pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) que proibia o uso de quatro inseticidas em pulverizações áreas. O documento, divulgado pelo Ibama no dia 19 de julho, proibia a aplicação imediatamente das moléculas Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil. O argumento era de que os ativos dizimavam as abelhas. A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, disse na última semana que as aplicações estarão liberadas por um ano e poderão continuar nesta safra, cuja temporada inicia em setembro com o início do plantio de soja.
Em Mato Grosso a pulverização aérea é fundamental, pelas grandes áreas cultivadas e pelo relevo. Para o presidente da Aprosoja, Carlos Fávaro, a liberação é positiva, mas temporária. “Não vamos ter prejuízo nesta safra e isto é bom. Mas vamos continuar lutando para mostrar, por meio de pesquisas, que não existem danos aos insetos”, explicou.
Se às restrições para aplicação aérea fossem mantidas, a impossibilidade de sua substituição total e as dificuldades para substituição parcial poderiam causar uma perda estimada para o setor da soja de 4,2 milhões de toneladas de soja na safra 2012/13. Em valores, essa perda representaria algo em torno de R$ 5,92 bilhões. Entretanto, se for considerada a agregação de valor nas cadeias conexas (esmagamento, produção de rações, produção de biodiesel, gado confinado, suínos, aves, produção de alimentos para consumo humano), este valor poderia sofrer acréscimo próximo a 100%, nas perdas do conjunto das cadeias.
“As consequências seriam sentidas por todos. Com a diminuição nas exportações de soja teríamos um saldo menor da balança comercial do país, redução dos empregos gerados na agricultura e menos dinheiro circulando na economia das cidades. Os preços dos alimentos tenderiam a subir, pois o grão é o principal produto para alimentação de animais de corte, tais como aves, suínos, e para a fabricação do óleo de soja”, destacou Fávaro.
Outra reivindicação da classe produtiva é referente à liberação de novas moléculas de fungicidas para o combate à ferrugem asiática, doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que afeta as lavouras de soja e diminui a produtividade. Os produtores rurais pedem novos produtos no mercado, pois os atuais já não têm tanta eficácia no combate à doença. De acordo com o senador por Mato Grosso, Cidinho Santos, a ministra-chefe da Casa Civil informou que o novo fungicida estará liberado em até 40 dias.
Para Carlos Fávaro, a liberação é um avanço para os produtores rurais. “Porém, tememos que os produtores não consigam usar o produto ainda nesta safra”, afirmou. A safra 2012/13 começará logo após o período do vazio sanitário, que termina em 15 de setembro. O presidente da Aprosoja agradeceu o empenho do deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Homero Pereira, e dos senadores Cidinho Santos e Blairo Maggi.