O ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, queixou-se nesta terça-feira de que o papel que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) cumpre na Líbia é insuficiente e defendeu a destruição das armas pesadas utilizadas pelas tropas do ditador Muammar Gaddafi no bombardeio a cidade de Misrata.
“Em primeiro lugar, a Otan deve cumprir plenamente seu papel. A Otan quis assumir a direção das operações e nós aceitamos. Agora deve cumprir seu papel, ou seja, que Gaddafi não utilize novamente armas pesadas para bombardear a população”, declarou Juppé em entrevista à emissora de rádio France Info.
O ministro francês assinalou que abordará esta questão na reunião desta terça-feira em Luxemburgo com seus colegas da União Europeia, em encontro do qual participará um enviado da oposição líbia e no qual se analisará em particular o envio de uma missão humanitária para assistir à população mais afetada pelos combates.
“É preciso fazer um grande esforço e acentuar a ajuda humanitária. A UE, que não quis se implicar na parte militar da operação, deve dar prioridade absoluta a esta ajuda humanitária”, comentou com relação à reunião em Luxemburgo.
Questionado sobre o risco de uma partilha da Líbia, o chefe da diplomacia francesa assegurou que “todo o mundo quer evitar isso”.
Juppé assinalou que esse é o objetivo da reunião prevista para Doha para “iniciar um diálogo político” entre o Conselho Nacional de Transição (CNT) e “as autoridades da sociedade civil líbia” e “os que em Trípoli dizem que não há futuro com Kadafi, que são cada vez mais”.
CESSAR-FOGO
Rebeldes líbios rejeitaram na segunda-feira (11) o plano apresentado pela União Africana (UA) como solução de paz e que inclui um cessar-fogo imediato, anunciou seu líder Mustafá Abdelkhalil, durante coletiva à imprensa em Benghazi (leste).
“A iniciativa apresentada hoje está desatualizada. O povo pede a saída de Muammar Gaddafi e de seus filhos”, declarou Abdelkhalil.
“Qualquer iniciativa que não leve em conta esta demanda não é digna de consideração”, acrescentou.
“Gaddafi e seus filhos devem sair imediatamente se quiserem salvar suas vidas”, insistiu.
Abdelkhalil deu as declarações após debates com uma delegação de presidentes africanos enviados pela UA para mediar um cessar-fogo, parte de um “mapa do caminho” aceito na véspera por Gaddafi.
O “mapa do caminho” da UA previa o fim imediato das hostilidades, o envio de ajuda humanitária e um diálogo entre as partes líbias como parte de uma transição.
A delegação da UA, integrada por vários líderes de países do continente, chegou mais cedo a Benghazi para a reunião. Pouco antes, os rebeldes haviam dito que estudariam o plano de cessar-fogo, que foi aceito ontem por Gaddafi, mas insistiram que o líder líbio deve deixar o poder e retirar suas tropas da região.
Segundo o responsável de paz e segurança da organização pan-africana, Ramtan Lamamra, o plano inclui a suspensão imediata dos confrontos, a criação de corredores humanitários para levar ajuda à população civil e o início de um diálogo entre as partes em conflito.
F.Com