Com mais de 120 milhões de usuários no Brasil, o WhatsApp tem se tornado um canal cada vez mais comum para aplicação de golpes. Uma das fraudes mais recentes a se espalhar usa a figura do jogador de futebol Neymar para induzir o usuário a contratar um serviço adicionai sem prévia autorização ou informações sobre os custos.
Golpe usa imagem do jogador Neymar como isca
No golpe, a pessoa recebe uma mensagem para baixar um aplicativo para “escalar Neymar” em um time internacional e mudar a tela de fundo do Whatsapp.
Quando o usuário baixa o app, ele coloca o número do celular para finalizar o processo. O golpe é finalizado e o consumidor, sem saber, acaba de contratar um serviço adicional semanal de R$ 3,99 da Mobsfun, empresa controlada pela Interract2media, com sede em Cingapura.
Outro golpe recente praticado por fraudadores envolve a empresa de cosméticos Boticário. Mais de 1 milhão de pessoas caíram no golpe que prometia um vale-presente no valor de R$ 150, segundo a empresa de segurança digital Psafe.
Cobrança é feita pelas operadoras
Para que o usuário efetivamente pague ao cair no golpe, é necessário que as operadoras de telefonia móvel autorizem e firmem um contrato com companhias de serviços adicionais. Na maioria das vezes, o serviço contratado é legal. Mas, em alguns casos, os criminosos se aproveitam do sistema de pagamento das operadoras para aplicar golpes milionários nos usuários.
Para Rafael Zanatta, advogado e pesquisador em telecomunicações do Instituto de defesa do consumidor (IDEC), as operadoras deveriam ter uma verificação mais rigorosa para evitar que esse sistema de pagamento fosse usado por empresas ilícitas. “ O problema é a falta de regras, não há uma forte investigação para descobrir quem são os terceiros que exploram o consumidor. Muitas vezes, a operadora tem sua própria legislação, é um mercado completamente desregulamentado”, diz.
Como se prevenir
Checar a origem da promoção e conversar com outras pessoas sobre a veracidade das campanhas das marcas pode ser uma boa saída para evitar esses fraudes, como explica Emílio Simoni, diretor do laboratório de segurança da PSafe. “ Os hackers são muito oportunistas. Mesmo que o usuário receba esse tipo de mensagem de algum familiar, deve desconfiar. Pesquise a origem dessas promoções, ligue no SAC da empresa, vá a uma loja física e instale um antivírus capaz de reconhecer páginas falsas”.
É possível reaver o dinheiro perdido em golpes pela internet. O consumidor pode pedir o estorno para a própria operadora, que tem a obrigação de ressarci-lo em dobro, em até dez dias, de acordo com Zanatta. Caso a empresa se recuse a fazer a restituição, o consumidor pode entrar em contato com a Anatel e explicar o ocorrido. Se, ainda assim, não seja resolvido pela Agência, a indicação é procurar o Procon da cidade em que ele mora e fazer uma reclamação diretamente na área de serviços adicionais.
A Istoé entrou em contato com as operadoras Vivo, Claro, Oi e TIM. As operadoras informaram que adotam políticas de segurança rigorosas para cadastro de empresas parceiras.
ISTOÉ