quinta-feira, 21/11/2024
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G1:Criação de vagas formais vai avançar em 2019, mas taxa de desemprego ainda deve ficar acima de 10%, projetam economistas

Brasil deve criar entre 590 mil e 870 mil de vagas com carteira assinada neste ano, segundo estimativas. Trabalho informal, porém, tende a continuar a superar o emprego formal, e país só deverá recuperar patamar pré-recessão a partir de 2021.

A criação de vagas com carteira assinada deve manter a trajetória de expansão em 2019, em meio à perspectiva de maior crescimento da economia. Mas a geração de empregos formais ainda ficará aquém do que seria necessário para recuperar o patamar pré-crise e a taxa de desemprego deverá terminar o ano ainda em dois dígitos, segundo economistas e consultorias ouvidos pelo G1.

Os analistas de mercado ouvidos pelo G1 projetam a criação entre 590 mil e 870 mil de vagas com carteira assinada em 2019, o que representa uma aceleração no ritmo de geração de empregos no país. Segundo divulgou o governo na quarta-feira (24), o país criou 529 mil postos com carteira assinada em 2018, após 3 anos seguidos de demissões superando as contratações.Segundo o economista Eduardo Velho, da GO Associados, o maior otimismo para 2019 está ancorado principalmente no otimismo do mercado em relação ao avanço de medidas de ajuste fiscal e, sobretudo, no encaminhamento e aprovação da reforma da Previdência ainda no 1º semestre.

A projeção de criação de 870 mil vagas no ano da consultoria (a maior do levantamento) leva em conta uma estimativa de alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 3,27% em 2019 – acima da média das projeções do mercado financeiro, atualmente em 2,53%, segundo o último boletim Focus do Banco Central.

“Nossas projeções têm como hipóteses a queda do juro neutro de longo prazo para baixo de 4%, uma taxa de câmbio estável e o crescimento da taxa de investimento para algo entre 19% e 20% do PIB”, afirma Velho.

Brasil volta a criar postos de trabalho com carteira assinada em 2018

Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria, projeta uma geração de 850 mil empregos formais no ano, impulsionada por uma melhora da situação financeira das empresas e também por uma maior adesão às modalidades criadas pela reforma trabalhista.

As vagas com carteira assinada de trabalho intermitente e em regime parcial tiveram, juntas, um saldo de 71 mil empregos no ano passado, o que representou cerca de 13% do total empregos formais criados no país no em 2018.

“As mudanças na legislação trabalhista ainda não mostraram que vieram, ao menos no tema ocupação”, avalia o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves.

Para 2019 é esperada uma reação mais consistente de setores como indústria e construção civil, que no ano passado ainda mostraram uma recuperação bastante tímida, após terem perdido mais de 1,8 milhão de vagas entre 2015 e 2017 (destes, 951 mil postos na indústria e 879 mil postos na construção).

Em 2018, a criação de vagas ficou concentrada nas regiões Sudeste e Sul, e em serviços e comércio, que responderam por mais de 90% do saldo líquido de empregos formais abertos no ano. Veja gráfico abaixo:

Criação de vagas formais em 2018 por setores
Saldo de demissões e contratações
-4.190-
Estoque de empregos ainda distante do patamar pré-crise

Mesmo nas projeções mais otimistas, o país só deverá recuperar a partir de 2021 o total de cerca de 2,8 milhões de vagas destruídas durante a recessão.

O Brasil fechou o ano com um estoque de 38,39 milhões de empregos formais existentes, patamar mais alto de final de ano desde 2015 – quando 39,20 milhões de pessoas ocupavam empregos com carteira assinada. No pico, no final de 2014, o número chegou a 41 milhões.

“2019 será um ano melhor, mas que ainda não irá reverter toda a gravidade da crise que o país passou”, afirma Xavier.

“Se o Brasil passar a crescer acima de 3% ao ano há uma grande chance de recuperar os empregos perdidos com a crise em 2021”, avalia Velho.

Desemprego ainda elevado

Os economistas destacam, entretanto, que o desemprego ainda continuará elevado em 2019, e que a trajetória de queda da taxa de desocupação ainda tende a continuar sendo puxada mais pela informalidade do que pela criação de vagas com carteira assinada, sendo pressionada também pelo enorme contingente de desalentados– pessoas que desistiram de procurar emprego e aguardam uma melhora do mercado de trabalho para voltarem a se candidatar a uma vaga.

A taxa de desemprego oficial recuou para 11,6% no trimestre encerrado em novembro (8ª queda mensal seguida), segundo a última pesquisa divulgada pelo IBGE. Para 2019, os analistas projetam que o índice terminará o ano ainda em 2 dígitos, entre 10% e 11%. Veja gráfico abaixo:

Projeções para taxa de desemprego ao final de 2019
em %
111111,111,19,89,8101010,810,810,510,5TendênciasIbre/FGVGO AssociadosBanco FatorMB AssociadosBTG Pactual02,557,51012,5
Fonte: Levantamento G1

Os números do IBGE mostram que a maior parte das novas ocupações é de trabalhadores sem carteira assinada ou por conta própria, cujas remunerações são bem menores.

“Isto se explica pela fragilidade da recuperação da atividade, com efeito sobre o emprego e, reversivamente, sobre a atividade, através da massa salarial”, afirma Gonçalves, do banco Fator, que projeta uma taxa de desemprego de pelo menos 10% ao final do ano.

Segundo ele, as decisões de investimento e de aumento da produção, essenciais para uma maior absorção de trabalhadores e melhora da qualidade do emprego, continuam “desanimadas pelas perdas recentes e perspectivas ainda muito incertas” sobre a melhora do ambiente de negócios no país.

Eduardo Velho, da GO Associados, observa que embora exista um grande otimismo do mercado financeiro em relação à aprovação de uma reforma da Previdência “robusto”, o andamento e tramitação da proposta a ser encaminhada para o Congresso ainda não foi totalmente precificado.

“O timing de tramitação e aprovação da reforma é muito importante para que não haja um retrocesso da estimativa de crescimento da economia para o ano”, diz o economista.

Por Darlan Alvarenga, G1

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Parmenas Alt
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