quinta-feira, 21/11/2024
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Funcionários de cartórios e políticos são suspeitos de desmate ilegal em Vila Rica

Crimes como desmatamento ilegal, fraudes em documentos, grilagem de terras (nome dado a quem falsifica documentos para tornar-se dono de terras públicas ou de terceiros) estão sendo investigados por autoridades federais na região do Baixo Araguaia, nordeste de Mato Grosso.

São ações que podem ter a participação de políticos e funcionários de cartórios desta região. O Ministério Público Federal (MPF) revelou que a fazenda Califórnia, na Amazônia Legal, de quase 500 quilômetros quadrados no município de Vila Rica (1.276 quilômetros de Cuiabá), tem pelo menos a metade da área derrubada.

Ainda segundo o MPF, esses crimes ambientais estão em alta e não param. Também, na mesma área, existem mais de 20 mil cabeças de gado.

A equipe de jornalismo da TV Centro América flagrou trabalhadores nas máquinas derrubando árvores. Desde pequenos arbustos a grandes árvores. Em seguida, eles espalhavam sementes de capim. Um dos trabalhadores relatou que o desmate é difícil devido à proibição. “Mesmo assim temos que trabalhar para nosso sustento”, disse o trabalhador

O delegado da Polícia Federal, Cristiano dos Santos, enfatizou que nenhum desmatamento feito pelas pessoas teve autorização de órgãos ambientais “Todos os desmatamentos foram totalmente ilegais”, disse Cristiano.

Quadrilha

Para a Polícia Federal e o Ministério Público o desmatamento é resultado da ação de uma quadrilha formada principalmente por funcionários de cartórios, fazendeiros e políticos.

Lionídio das Chagas, que foi prefeito do município de Vila Rica de 1997 até 2000, é acusado de ser o chefe do esquema. Segundo investigações, ele usou documentos fraudados para se apropriar de áreas da fazenda Califórnia e depois vendê-las.

De acordo com informações da Polícia Federal existem dentro da fazenda pelo menos 20 propriedades registradas em cartórios de forma suspeita.

O procurador da república, Mário Lúcio Avelar, afirmou que o investigado Leonídio é responsável pelos crimes. “Além da montagem dos títulos ilegais, ele é acusado de promover de forma intensa a grilagem na região da Amazônia Legal. Figurando inclusive como uma das maiores pessoas físicas em termos de desmatamento no estado de Mato Grosso”, contou o procurador.

O Ministério Público Federal fez um cálculo da riqueza acumulada pelo grupo. Foram pelo menos R$ 220 milhões obtidos com a venda da madeira e a criação de gado.

A Polícia Federal diz que a quadrilha conseguiu até financiamentos bancários usando como garantias as escrituras fraudadas. Foram três empréstimos no valor de R$ 200 mil. Dinheiro público que saiu do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e também do Banco do Brasil.

Segundo ainda o delegado da PF, a terra dada em financiamento não existe. “A Instituição Financeira que fornece o financiamento fica sem garantia”, revelou o delegado.

Prisão

Leonídio da Chagas e mais 12 acusados chegaram a ser presos no fim do mês passado e hoje respondem ao processo em liberdade. Procurado pelo Fantástico, da Rede Globo, o ex-prefeito de Vila Rica preferiu não gravar entrevista. Em nome dele falou o advogado Luiz Francisco Lima. “Ele é uma pessoa trabalhadora, não houve nenhuma falsificação. Não houve nenhuma intenção de lesar quem quer que seja”, defendeu Luiz.

Crimes na região

Em maio passado, Alberto Campos – conhecido como Jamaica – foi assassinado dentro de casa. Ele auxiliava na manutenção das divisas da fazenda Califórnia. Um trabalhador que não quis se identificar revelou que ninguém consegue trabalhar tranquilo. “Temos que trabalhar com um olho fechado e outro aberto”.

Um outro trabalhador, que denunciou a ação do grupo acusado de invadir e desmatar a área, saiu da cidade e hoje vive escondido. “Eu me tranco em casa às 19h e não saiu de jeito nenhum, pois tenho muito medo”, disse o trabalhador.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, enfatiza que é comum estes crimes estarem interligados uns aos outros. “O que implica em uma capacidade maior de resposta da sociedade para coibir a impunidade”, afirmou Carlos Minc.

Apreensão das máquinas

Em Mato Grosso, o Ministério Público Federal pediu à Justiça a apreensão das máquinas usadas para desmatar a fazenda Califórnia e o bloqueio das contas bancárias dos acusados. “Essas e outras ações estão sendo preparadas no sentido de combater as quadrilhas envolvidas na destruição da natureza”, concluiu o procurador Mário Lúcio.

TVCA

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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