Um estudo divulgado nesta semana traz mais uma evidência de que maconha não é inofensiva, em relação ao cigarro. Pesquisadores canadenses compararam a fumaça da Cannabis com a de tabaco e descobriram que a primeira contém mais substâncias tóxicas, algumas delas carcinogênicas.
Os cientistas, liderados por David Moir, do Programa de Controle de Tabaco, encontraram na fumaça inalada de maconha uma quantia de amônia igual à de 20 cigarros. Os níveis de cianeto de hidrogênio e de óxido nítrico –que afetam coração e pulmões- apareceram em concentrações três a cinco vezes superiores.
Os pesquisadores se motivaram a levantar esses dados depois de perceberem que a porcentagem de jovens entre 15 e 24 anos do país que fumam maconha diária ou ocasionalmente vem crescendo nos últimos anos, enquanto a dos que fumam cigarro vem caindo.
Em parte, isso pode ocorrer porque os malefícios do tabaco são muito mais bem conhecidos e divulgados –como o fato de conter 4.000 substâncias químicas, sendo 50 delas consideradas cancerígenas. “Havia uma falta de trabalhos que examinassem comparativamente os dois produtos”, escreveu a equipe na revista “Chemical Research Toxicology”.
Ao analisarem a fumaça de cigarro e de maconha tanto do ponto de vista químico quanto toxicológico, eles encontraram no segundo pelo menos 20 substâncias tóxicas e concluíram que a maconha é tão ou mais prejudicial à saúde que o cigarro. Para isso eles usaram uma espécie de robô-fumante, que inalava a fumaça. O material era examinado a seguir.
Os pesquisadores também testaram a fumaça que sai diretamente da brasa –e é inalada por quem está por perto do fumante por exemplo. Nela também foram encontradas amônia, e outras substâncias.
Seus níveis tóxicos, no entanto, ficaram abaixo do detectado na fumaça inalada, porque nesta o calor do cigarro interfere nas reações químicas.
“A confirmação da presença de conhecidos carcinogênicos e outros produtos químicos ligados a doenças respiratórias tanto na fumaça inalada quanto na que sai da brasa dos cigarros de maconha é uma importante informação para a saúde pública”, concluíram os autores.
FO