O início da colheita de soja em Mato Grosso deverá provocar um aumento no valor do frete dos produtos até aos portos exportadores. Apesar da expectativa pela estabilização do frete no valor médio do ano passado, em torno de R$ 1,80 por quilômetro rodado, a tendência é de que haja um incremento de até 40% no valor cobrado no período de entressafra, chegando a R$ 2,30/Km rodado.
“O óleo diesel é o principal vilão para o valor do frete em Mato Grosso. É ele quem torna o frete caro para quem paga e barato para quem executa. Somente o óleo diesel consome 60% dos lucros da transportadora. Com os 40% restantes pagamos as outras despesas”, explica o diretor executivo da Associação dos Transportes de Carga (ATC), Miguel Mendes.
Ele diz que outros fatores que também contribuem para a elevação dos preços do diesel são as condições das rodovias e o tempo de embarque e de desembarque das cargas. Miguel Mendes conta que o frete cobrado esse ano não deve ser muito maior se comparado ao mesmo período do ano passado e que o valor estava em R$ 1,80 porque não havia demanda de grãos nos últimos meses do ano passado.
De acordo com Miguel, á época de auge do valor do frete ocorre entre meados de fevereiro a outubro. “Esse é o momento de estar compensando a perda da remuneração do final do ano, quando a demanda maior de frete é de carnes”, disse Mendes.
Para o presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, João Nardes, a questão da logística é o grande gargalo dos produtores mato-grossenses. Nardes disse que se os produtores não trabalharem para baixar o preço do óleo diesel, a situação da agricultura no Estado vai continuar precária. Nardes informou que o preço médio do frete em Mato Grosso custa de 30% a 35% do valor do produto carregado.
“Isso é um absurdo. Outros Estados cobram percentuais muito mais baixos de frete e isso reduz a competitividade para os produtores de Mato Grosso. Não temos como produzir pagando os fretes que estão em vigor hoje e com os concorrentes pagando menos”, argumentou Nardes.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, o assunto tem sido amplamente discutido pelos sindicatos e associações do setor para tentar encontrar uma alternativa viável. Nardes explicou que os produtores rurais já chegaram à conclusão de que a redução do preço do óleo diesel é a única solução.
“Não podemos mudar o câmbio e nem mudar Mato Grosso para próximo do mar. Então precisamos trabalhar na redução do combustível, porque o preço do frete praticado no mercado atualmente é inviável para os produtores”, afirmou Nardes.
DC