domingo, 22/12/2024
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Fraude crescente ameaça ascensão da China

Ninguém contesta o talento de Zhang Wuben como vendedor. Através de programas de televisão, DVDs e um livro best-seller, ele convenceu milhões de pessoas que a berinjela crua e imensas quantidades de feijão mungo podem curar lupus, diabetes, depressão e câncer.

Por US$ 450, pacientes gravemente enfermos podem comprar uma consulta de 10 minutos e uma receita – mas Zhang, um dos profissionais mais populares da medicina tradicional chinesa, não tem horário até 2012.

No entanto, quando o preço do feijão mungo disparou nesta primavera, os jornalistas chineses começaram a cavar mais fundo. Eles descobriram que, contrariamente às suas pretensões, Zhang, 47 anos, não veio de uma longa linhagem de médicos – seu pai era tecelão. Ele também não se formou na Universidade de Medicina de Pequim – sua única educação formal foi o curso por correspondência que fez depois de perder seu emprego em uma fábrica têxtil.

Credenciais

A exposição das credenciais falsas de Zhang provocou uma nova rodada de ataques ao que muitos estudiosos e chineses se queixam de ser práticas desonestas que permeiam sua sociedade, incluindo alunos que colam no vestibular, estudiosos que promovem pesquisas falsas ou banais, e empresas de laticínios que vendem leite envenenado a crianças.

A sequência de revelações mais recentes tem sido estimulante. Depois que um acidente de avião em agosto matou 42 pessoas no nordeste da China, as autoridades descobriram que 100 pilotos que trabalham para a companhia aérea tinham falsificado sua autorização de voo.

Depois, houve o currículo inflacionado de Tang Jun, o milionário ex-chefe da Microsoft na China e uma espécie de herói nacional, que afirmou falsamente ter recebido um doutorado do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Imune

Poucos países são imunes a grandes fraudes. O doping ilegal nos esportes e malfeitorias em Wall Street são escândalos comuns nos EUA. Mas, na China, a falsidade em uma área em particular – a educação e a pesquisa científica – é tão difundida que muitos aqui temem que isso possa tornar mais difícil que o país suba o próximo degrau na escada econômica.

A China dedica recursos significativos para a construção de um sistema de educação de classe mundial e uma pesquisa pioneira em indústrias competitivas e ciências, e tem tido êxitos notáveis na rede de informática, energia limpa e tecnologia militar. Mas a falta de integridade entre os pesquisadores vem prejudicando o potencial de colaboração da China, entre os estudiosos chineses e seus semelhantes internacionais, explicam acadêmicos na China e no exterior.

“Se não mudarmos nosso jeito, seremos excluídos da comunidade acadêmica global”, disse Zhang Ming, professor de Relações Internacionais na Universidade Renmin, em Pequim. “Precisamos nos concentrar em buscar a verdade, e não servir a agenda de algum burocrata ou satisfazer o desejo de lucro pessoal”.

U.Segundo
*Por Andrew Jacobs

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Parmenas Alt
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