Clubes, esportistas, torcedores e o próprio futebol estadual já podem iniciar a formação de uma corrente positiva em torno da perpetuação de uma história de gols, títulos e glórias que sempre empolgou todos os mato-grossenses.
A Assembléia Legislativa encaminhou ao governo proposta do deputado Roberto França (PR) para a criação do Museu do Futebol de Mato Grosso, a ser implantado no complexo do Estádio Governador José Fragelli – o “Verdão”, em Cuiabá. O documento foi endereçado ao secretário de Cultura, João Carlos Vicente Ferreira.
Por reunirem décadas do “esporte das massas” – em especial, onde ele melhor se expressa: nos campos – nos poucos estados brasileiros onde já foram instalados, os museus sempre atraíram a atenção geral pelas riquezas histórica e cultural dos acervos que guardam.
Segundo França, em Mato Grosso não acontecerá de forma diferente. “Esse museu será um espaço dedicado à memória e à história do futebol mato-grossense, e daqueles que a construíram. E a preservação do conjunto futebol-história do nosso estado será valiosa, também, para efervescer o brio dos nossos craques do futuro e o amor daqueles que sempre apoiaram a prática desse esporte”, prognosticou o deputado.
Com o museu, além de trazer à tona nomes famosos mas até então desconhecidos da grande massa torcedora, Mato Grosso vai figurar entre os seis primeiros estados a possuir um acervo histórico oficial sobre o futebol estadual e a parte nacional que tiver ligação correspondente aos fatos locais.
“Temos que resgatar essa dívida para com o nosso futebol, que hoje tem seus tempos áureos e de glória apenas na memória daqueles que vivenciaram esses momentos”, reforçou Roberto França. Também falando em perpetuação da história, ele citou alguns dos principais dirigentes, craques e clubes que fizeram – muitos dos quais ainda fazem – a história do futebol mato-grossense.
Os Dirigentes
José Monteiro de Figueiredo, Lenine Póvoas, Carlos Orione, João Torres, Lino Miranda, Macário Zenagape Filho, Ranulfo Paes de Barros, Estevão Torquato, Rubens Baracat, Lourival Fontes, Avelino Hugney de Siqueira, Joaquim de Assis, Naly Hugney de Siqueira, Zulmira Canavarros, Manoel Soares de Campos, Agripino Bonilha Filho, Levi do Prado, Hélio de Jesus Fonseca, Benedito Lisboa, Gino, Airton Franco e Forizé.
Os Clubes
(Extintos) Atlético, Campinas, Riachuelo, XV de Novembro, Comércio Futebol Clube, Americano, Paulistano, Postal, Destemido, e Palmeirinhas do Porto.
(Pertencentes a Mato Grosso, antes da criação do Mato Grosso do Sul) Dourados, Comercial, Operário de Campo Grande, Corumbaense e Marítimo de Corumbá.
(Os remanescentes) Clube Dom Bosco, Mixto, Operário Varzeagrandense, União, Vila Aurora, Barra do Garças, Cacerense, Sorriso, Sinop, Luverdense, Grêmio de Jaciara, Juventude de Primavera e Cuiabá Esporte Clube.
Os Craques
(Com carreira em Mato Grosso) Saldanha, Júlio César, Miro, Glauco, Darcy Avelino, Uir, Dito Gasolina, Airton Moreira, Luiz Carlos Beleza, Admir Moreira, Rômulo, Franklin, Sargento Odenir, Damasceno, Edmindo Barriga, Acácio, Armindo Gonçalves, Mão-de-Onça, Uirton, João Batista Jaudy, Mauricinho, Baicere, Joarides, Clóvis, José Sapo, Wanderley, Niquita, Fernando Fulepa, Wilson, Formiga, Tatuzinho e César (Diabo Loiro).
(Com carreiras nacional e internacional) Almiro, Bife, Ariel, Ruiter, Poxoréu, Adavilson Cruz (Pelezinho), Gerson Lopes, Victor, Dito Siqueira, Nato, William de Oliveira, Lúcio Bala, Waltinho, Nasser, Joilson e Traçaia (que atuou na Seleção Brasileira).
Roberto França acrescentou que o material a fazer parte do acervo será obtido através dos clubes, museus e coleções particulares. Os museus estão entre os mais importantes espaços culturais, como ambientes de guarda de acervos importantíssimos para a história e o patrimônio.
Eles podem ser de ciências, de arte, históricos, etnológicos, arqueológicos, biográficos, ou de época. Indistintamente, todos possuem caráter de preservação do patrimônio cultural e servem como excelente atrativo turístico e como fator de afirmação de identidades culturais.
“O futebol é, essencialmente, emoção e a devoção aos seus mitos, aos clubes e à influência cultural – como na música e no comportamento humano – serão privilegiados no museu. Não pode haver distância entre o futebol, sua história e a população. Um é a extensão do outro. O futebol é uma das poucas atividades onde as classes sociais se interagem”, ressaltou França.
Segundo ele, o Museu do Futebol de Mato Grosso vai proporcionar a qualquer cidadão – através de experiências interativas – perceber o futebol não apenas como um esporte, mas como expressão de nossa cultura.
Os museus pelo Brasil
No país, apenas Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas, Amapá e Paraná têm museus do futebol conhecidos – cada qual com peculiaridades próprias. Em novembro do ano passado, o Estádio Mário Filho (o Maracanã) reinaugurou o seu Museu de Esportes Mané Garrincha com o nome de Museu do Futebol.
Fruto de um projeto considerado frustrado, o “Mané” surgiu quatro anos atrás e permaneceu aberto por apenas cerca de seis meses. Agora, governo e prefeitura cariocas, garantem que o novo museu será a “porta de entrada” dos visitantes durante os Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007.
Atualmente, São Paulo tem o Museu “Paulo Machado de Carvalho”, da Federação Paulista de Futebol (FPF) – instalado no 5º andar do prédio da entidade, em Barra Funda, e lançou – em novembro de 2005 – o que seria “o primeiro Museu do Futebol do Brasil”, caso o do Rio não tivesse sido reinaugurado.
O paulista – com projeto desenvolvido pela prefeitura local em parceria com a Fundação Roberto Marinho e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) – está previsto para ser inaugurado até meados de 2008. Ele ficará sediado no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu – um dos mais antigos do país, construído em 1940.
No Paraná, o Museu Paranaense do Futebol completou 10 anos em 2006 com nova roupagem e também novo nome. O espaço – que trata da história do futebol regional, desde 1903 – foi batizado de Evangelino da Costa Neves e teve acréscimo no seu acervo, com material fornecido por jornais, secretarias do Estado e colecionadores locais, além do oriundo do Projeto 100 Anos do Futebol Paranaense.
No Amapá, a Lei nº 0944 (05/12/05) criou o Museu do Futebol daquele estado, o situando nas dependências do Estádio Milton de Souza Corrêa – o “Zerão”. Já em Alagoas, o Museu dos Esportes – fundado há quase 14 anos (agosto de 1993) – foi batizado com o nome de Edvaldo Alves Santa Rosa, o alagoano Dida, que jogou na seleção brasileira de 1958. A entidade funciona no andar térreo do Estádio Rei Pelé (o Trapichão).