Fla-Flu é um clássico imprevisível e cheio de encantos, mas que tem uma particularidade que a torcida tricolor conhece bem. Se o Flamengo vier embalado, com a torcida em esmagadora maioria e em êxtase, como neste domingo, que registrou recorde de público no Brasileirão, quem costuma sair vencedor é o clube tantas vezes campeão, o Tricolor das Laranjeiras, que fez o que o técnico Renato Gaúcho pediu e calou a torcida rubro-negra com dois gols relâmpagos, um em cada tempo, o primeiro com Somália e o segundo com Thiago Neves.
Os torcedores ainda procuravam um lugar para sentar quando o Tricolor, aproveitanto uma desatenção da defesa rubro-negra, abriu o placar. Alex Dias levantou a bola na área pelo lado direito do ataque do Flu e Somália chutou devagar, mas a bola entrou caprichosamento no canto direito do goleiro Bruno, esfriando a massa rubro-negra, que já preparava um show semelhante ao do jogo contra o São Paulo.
Com o gol, a torcida tricolor, menor, mas não menos empolgada, empurrou o time à frente e, por pouco, o Flu não fez mais um. Aos 14 minutos, Alex Dias perdeu grande chance na grande área, levando Bruno a se exaltar mais do que devia. Na seqüência do lance, o atacante tricolor perdeu mais uma vez a chance de ampliar o placar.
Ameaçado pelo Flu, o Flamengo acordou em campo e voltou a levantar a torcida. Aos 17 minutos, Leonardo Moura passou como quis por Junior Cesar e obrigou Fernando Henrique a fazer boa defesa. Poucos segundos depois, Ibson soltou uma bomba da entrada da área tricolor, que passou rente à trave direita do goleiro tricolor.
A melhor chance rubro-negra na primeira etapa aconteceu aos 30 minutos. Juan recebeu belo passe de Toró, mas se enrolou com a bola no bico da pequena área do Flu, possibilitando à torcida tricolor fazer o desarme.
O Tricolor, que vinha cedendo campo ao Flamengo, estava firme na defesa, especialmente com a dupla Thiago Silva e Luiz Alberto. Titular pela primeira vez desde voltou ao Flu, Gabriel não jogava bem, mas teve a vida facilitada pela má atuação de Juan. E foi pelo lado direito tricolor que o Flu quase ampliou na última boa chance da primeira etapa, mas Gabriel, após receber belo passe de Alex Dias, chutou em cima da zaga rubro-negra.
O segundo tempo começou parecido com o primeiro. A torcida rubro-negra, já recobrada das forças para levar o time ao empate, assistiu, logo aos três minutos, a Arouca fazer uma belíssima jogada no meio, dando um drible desconcertante em Juan e arrancando para deixar Somália em ótimas condições pelo lado direito de ataque tricolor. O atacante levantou a cabeça e achou Thiago Neves livre para fazer o segundo gol do Flu.
Com a vantagem, o Flu administrou o jogo, fazendo o Flamengo errar passes e conclusões, especialmente nas bolas paradas, que já tinham levado Cristian ao desespero no primeiro tempo. Joel, então, pôs Kayke e Léo Medeiros nos lugares de Toró e Jailton, mas o panoramana não se alterou, tanto que o Flu poderia ter feito mais gols, com Somália Alex Dias e Luiz Alberto, mas o preciosismo acabou atrapalhando. E a falta de pontaria de Alex Dias, que esteve em noite para ser esquecida. Se o atacante tricolor tivesse acertado metade das conclusões, o Flu teria aplicado uma goleada no Fla, mas a torcida tricolor não ligou nem um pouco, tanto que começou o carnaval de 2008 assim que o árbitro apitou o fim do jogo.