Dar à luz meninos aumenta as chances das mães de sofrer uma depressão pós-parto severa, segundo um estudo da Universidade de Nancy, na França, publicado na revista especializada Journal of Clinical Nursing.
Os pesquisadores analisaram 181 mães e concluíram que 9% sofreram de depressão severa – três quartos delas deram à luz meninos.
O estudo sugere que relações ruins das mães com homens pode ser um fator da depressão, mas um especialista britânico afirma que, apesar de a conclusão ser interessante, pode ser apenas uma “peculiaridade estatística”.
A depressão pós-parto é comum entre novas mães – um estudo recente concluiu que um terço das mulheres é afetado em algum nível.
Em algumas sociedades, a condição é ligada a ter filhas mulheres, por conta da preferência cultural por um filho homem, mas a idéia de que um bebê menino poderia exacerbar o problema é uma surpresa.
Qualidade de vida
As mulheres envolvidas responderam perguntas sobre áreas diferentes da saúde, inclusive sobre a forma física, dores e saúde mental e emocional.
Os pesquisadores, liderados por Claude de Tychey, concluíram que sete em cada dez mulheres que deram à luz meninos disseram ter qualidade de vida mais baixa em comparação com as mulheres que deram à luz meninas, independente de elas terem sofrido de depressão pós-parto.
Apesar de as mães de bebês meninas serem mais propensas a ter uma leve depressão pós-parto, entre as 17 mulheres diagnosticadas com depressão pós-parto severa, 13 tiveram bebês meninos.
Os pesquisadores não encontraram nenhuma evidência das razões por trás desta diferença e devem realizar novas pesquisas para investigá-las.
Mas o estudo sugere que pode haver diferenças psicológicas sutis nas atitudes de novas mães em relação às meninas e aos meninos que podem afetar seu estado emocional – particularmente se elas já têm tendência à depressão.
Legado
Os pesquisadores indicam que uma atitude negativa em relação aos filhos pode ser um legado de relações insatisfatórias com importantes figuras masculinas em suas vidas, como o pai ou o companheiro.
“A principal conclusão do estudo foi o fato de que o gênero parece ter um papel significativo na piora da qualidade de vida, bem como no aumento das chances de depressão pós-parto”, disse Tychey.
“As mulheres tiveram o mesmo resultado, independente de este ser o primeiro ou o segundo filho”, acrescentou.
O médico Cosmo Hallstrom, membro do Royal College of Psychiatrists, afirma, no entanto, que o número de mulheres com depressão severa é muito baixo para que se tirem conclusões firmes.
Segundo Hallstrom, o resultado das depressões severas ficou comprometido pela conclusão de que a maioria das mães com depressão leve provavelmente deu à luz meninas.
“É um assunto interessante, mas não estou totalmente convencido disso e gostaria de ver o resultado replicado em estudos maiores”, afirmou Hallstrom. “É provavelmente uma peculiaridade estatística.”
G1