“Recebemos mensagens de apoio e solidariedade, e sabemos que o comandante Fidel se recuperará logo e estará logo conosco”, disse José Ramón Balaguer, ministro da Saúde de Cuba, à Rádio Sonora da Guatemala, onde está em viagem para inaugurar um hospital.
Na segunda-feira, a poucos dias de completar 80 anos, Fidel Castro teve de transferir o poder a seu irmão Raúl Castro, depois de ter sido submetido a uma cirurgia por uma hemorragia intestinal, o que despertou incerteza sobre a saúde do lendário líder.
Sucessão
Cuba reagiu com irritação aos pedidos do presidente norte-americano, George W. Bush, para que a ilha comunista se torne democrática. A declaração do líder dos Estados Unidos foi feita num momento de incertezas para o governo de Havana, iniciado com a transferência de poder de Fidel Castro para o seu irmão menor, Raúl.
Como nenhum dos irmãos Castro aparece em público, coube a um comentarista da televisão cubana atacar as declarações de Bush, que pediam ao povo cubano a formação de um governo de transição após 47 anos de regime comandado por Fidel.
“Eu conclamo o povo cubano a trabalhar por mudanças democráticas na ilha. Nós apoiaremos vocês em seus esforços para construir um governo de transição em Cuba comprometido com a democracia”, disse Bush na quinta-feira, em seu primeiro pronunciamento sobre o tema desde o anúncio, na segunda-feira, de que Fidel Castro havia se submetido a uma cirurgia no intestino.
O editor do diário Juventude Comunista, Rogelio Polanco, disse na TV cubana que as declarações de Bush eram inúteis. “A única forma de aplicar o plano Bush para mudança de regime em Cuba é pela força, e a força não vai funcionar”, afirmou ele.
“Raul está firme no comando da nação e na liderança das Forças Armadas, que possuem comprovado histórico de combate e experiência internacional. Não tenham dúvidas”, declarou.
Bush, cujo governo endureceu o embargo a Cuba, afirmou: “Há tempos os EUA têm a esperança de ter uma Cuba livre, independente e democrática, como amiga próxima e vizinha. Nós vamos marcar aqueles no atual regime cubano que estão obstruindo o seu desejo por uma Cuba livre”.
Comentaristas cubanos acusaram Bush de estar tentando agradar grupos de oposição a Fidel Castro exilados em Miami, a quem chamam de “máfia sedenta de sangue” por tentar alimentar um levante contra o governo cubano.
Os exilados cubanos dançaram nas ruas de Miami após o anúncio do afastamento de Fidel na segunda-feira. Na quarta-feira, a Fundação Nacional Cubano-Americana, um dos principais movimentos dos exilados, pediu a criação de um novo governo e disse que a era de Castro havia chegado ao fim.
O Partido Comunista sinalizou na quinta-feira, por meio do principal jornal comunista, o Granma, que continua controlando a ilha caribenha. Mas as dúvidas crescem, alimentadas pelo fato de Raúl Castro, de 75 anos, ainda não ter aparecido em público nem feito declarações desde o anúncio de que Fidel havia passado o comando a ele para tratar uma hemorragia gastrointestinal.
Analistas dizem que os líderes cubanos sentem que, se Raúl aparecer muito rapidamente, alimentará o pânico entre os cubanos após tantos anos sob a liderança de Fidel.
Outra pergunta sem resposta por enquanto é se Fidel Castro, ex-guerrilheiro de 79 anos, voltará ao poder algum dia. Com a exceção de um comunicado dizendo que sua condição era estável, ele não foi mais visto em público.