Não há no momento pressões generalizadas vindas do atacado para afetar os índices de inflação no varejo, mas existem pressões localizadas, como as da carne bovina e do álcool hidratado, a pressioná-los, informou o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros, na entrevista de divulgação do IGP-10 de agosto, que ficou em 0,27%.
As carnes bovinas traseiras passaram de uma deflação de 2,76% no IGP-10 de julho para uma alta de 4,02% na pesquisa deste mês. O álcool também teve deflação na pesquisa anterior do IGP-10, de 5,68%, e agora reverteu o movimento e passou para uma alta de preços de 2,43%.
“O varejo vem de uma situação negativa que também não é normal. Mesmo que haja repasses como no caso da carne bovina, a inflação (ao consumidor) vai voltar para uma faixa de 0,25% ou 0,30%, que é uma inflação absolutamente baixa”, disse Quadros.
A faixa citada pelo economista é compatível com uma inflação de 3,5% a 4%, abaixo do centro das metas de inflação ao consumidor anuais para este ano, 2007 e 2008, que é de 4,5% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A inflação deste ano vai ficar abaixo do centro da meta. No ano que vem, pode ter uma inflação mais alta porque provavelmente não vai haver a mesma influência favorável do câmbio e fatores excepcionais que tiveram este ano como a gripe aviária, que foi um azar para o exportador, mas uma sorte para o consumidor”, disse o economista.
Ele também acredita que “em algum momento, possivelmente”, a alta internacional do petróleo vai se refletir nos preços da gasolina, o que ainda não aconteceu. “Ainda mais que a política declarada da Petrobras é de paridade com o mercado internacional.”