quinta-feira, 21/11/2024
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Febre amarela – por que o cenário atual é muito preocupante

Em 12 de janeiro deste ano o governo de Minas Gerais decretou situa&ccedil&atildeo de emerg&ecircncia em sa&uacutede p&uacuteblica por 180 dias nas &aacutereas do estado onde h&aacute surto de febre amarela. O decreto contempla 152 cidades no entorno de Coronel Fabriciano, Governador Valadares, na regi&atildeo leste do estado, Manhumirim, na Zona da Mata, e Te&oacutefilo Otoni, no Vale do Jequitinhonha e Mucuri. Em Minas, trinta pessoas morreram com sintomas da doen&ccedila neste ano.
A situa&ccedil&atildeo atual e preocupante das arboviroses no Brasil reflete um complexo contexto, no qual interagem entre si inefic&aacutecias gerais de atua&ccedil&atildeo do poder p&uacuteblico e da sociedade em geral.

Os condicionantes da expans&atildeo das arboviroses nas Am&eacutericas e no Brasil s&atildeo similares e referem-se em grande parte ao modelo de crescimento econ&ocircmico implementado na regi&atildeo, caracterizado pelo crescimento desordenado dos centros urbanos.

O Brasil concentra mais de 80% de sua popula&ccedil&atildeo em &aacutereas urbanas, com importantes lacunas no setor de infraestrutura, tais como dificuldades para garantir o abastecimento regular e cont&iacutenuo de &aacutegua, assim como tamb&eacutem &eacute deficiente a coleta e destina&ccedil&atildeo adequada dos res&iacuteduos s&oacutelidos. Outros fatores, tais como a acelerada expans&atildeo da ind&uacutestria de materiais n&atildeo biodegrad&aacuteveis, al&eacutem de condi&ccedil&otildees clim&aacuteticas favor&aacuteveis, agravadas pelo aquecimento global, conduzem a um cen&aacuterio que impede, pelo menos a curto prazo, a proposi&ccedil&atildeo de a&ccedil&otildees visando &agrave erradica&ccedil&atildeo do vetor transmissor.

Dentro desse contexto, &eacute com enorme preocupa&ccedil&atildeo que deparamos com as not&iacutecias que revelam o ressurgimento de casos de febre amarela em nosso pa&iacutes.

Como apontado em Boletim da Organiza&ccedil&atildeo Mundial da Sa&uacutede de maio de 2016, grandes epidemias de febre amarela ocorrem quando pessoas infectadas introduzem o v&iacuterus em &aacutereas densamente povoadas onde exista elevada densidade de mosquitos transmissores e onde a maioria da popula&ccedil&atildeo apresente pouca ou nenhuma imunidade, tendo em vista a baixa cobertura vacinal. Sob tais condi&ccedil&otildees, mosquitos infectados transmitem o v&iacuterus de pessoa a pessoa.

Essa &eacute situa&ccedil&atildeo prevalente no Brasil atualmente conquanto os casos at&eacute agora relatados o tenham sido em regi&otildees com densidade populacional inferior &agravequela de nossas grandes metr&oacutepoles, sabemos da facilidade de deslocamento das pessoas nos dias de hoje. E, caso pessoas infectadas nessas &aacutereas menos povoadas venham &agrave metr&oacutepole, v&atildeo encontrar ambiente totalmente favor&aacutevel &agrave dissemina&ccedil&atildeo do v&iacuterus da febre amarela. Lembremos que as outras arboviroses atualmente prevalentes em nosso meio (dengue, zika e chikungunya) tamb&eacutem se originaram em ambientes rurais e atingiram a dimens&atildeo que conhecemos tendo em vista as condi&ccedil&otildees supramencionadas que permitiram sua dissemina&ccedil&atildeo.

Nossa proposta para nos defrontarmos com esse grave problema tem por base as diretrizes estabelecidas pela Organiza&ccedil&atildeo Mundial da Sa&uacutede tamb&eacutem em maio de 2016: A r&aacutepida detec&ccedil&atildeo de casos de febre amarela e uma r&aacutepida resposta atrav&eacutes de campanhas de vacina&ccedil&atildeo emergencial s&atildeo essenciais para o controle de surtos.

Ressalte-se, n&atildeo obstante, que nessas situa&ccedil&otildees a subnotifica&ccedil&atildeo &eacute preocupante e estima-se que o n&uacutemero real de casos seja dez a 250 vezes maior]] que o n&uacutemero reportado. A OMS recomenda que todo e qualquer pa&iacutes que se encontre sob risco de surto de febre amarela tenha ao menos um laborat&oacuterio nacional de refer&ecircncia onde possam ser executados os testes laboratoriais que permitam o diagn&oacutestico da doen&ccedila. As equipes respons&aacuteveis pela investiga&ccedil&atildeo devem avaliar e responder ao surto tanto com medidas emergenciais como tamb&eacutem com planejamento de longo prazo para incrementar a cobertura vacinal.

A vacina constitui-se o mais importante meio de combate &agrave febre amarela &eacute produto seguro, eficaz e relativamente barato, sendo uma &uacutenica dose suficiente para induzir imunidade de longo prazo. Para a preven&ccedil&atildeo de surtos em regi&otildees afetadas, a cobertura vacinal deve alcan&ccedilar ao menos 80% da popula&ccedil&atildeo sob risco.
As recomenda&ccedil&otildees da OMS em pa&iacuteses onde h&aacute relatos de casos de febre amarela s&atildeo enf&aacuteticas no que tange &agrave indica&ccedil&atildeo de imuniza&ccedil&atildeo de toda a popula&ccedil&atildeo com idade acima de 9 meses n&atildeo previamente imunizada (em regi&otildees epid&ecircmicas h&aacute recomenda&ccedil&atildeo de vacina&ccedil&atildeo acima dos 6 meses de idade, quando ent&atildeo o risco da doen&ccedila &eacute superior &agravequele do evento adverso da vacina).

No Brasil, vem sendo empregada a estrat&eacutegia de vacina&ccedil&atildeo de conten&ccedil&atildeo, isto &eacute, vacina&ccedil&atildeo de toda a popula&ccedil&atildeo em regi&otildees onde foram descritos casos suspeitos e/ou confirmados de febre amarela. Como os dados relatados v&ecircm evidenciando uma r&aacutepida progress&atildeo da doen&ccedila, talvez essa estrat&eacutegia n&atildeo esteja se mostrando suficiente.
Precisar&iacuteamos ter uma vigil&acircncia epidemiol&oacutegica atenta, com diagn&oacutestico precoce dos casos caso se mantenha esse panorama inicial verificado no Estado de Minas Gerais, certamente a abrang&ecircncia da cobertura vacinal deveria ser ampliada, provavelmente atingindo todo o estado.

Importante tamb&eacutem &eacute a coopera&ccedil&atildeo com servi&ccedilos que monitorem de perto a mortalidade de macacos e outros animais silvestres em regi&otildees silvestres periurbanas, que se caracteriza como sentinela quanto &agrave proximidade da febre amarela dos centros urbanos.

Em resumo, temos de encarar o problema como sendo de enorme relev&acircncia n&atildeo podemos menosprez&aacute-lo, sob risco de nos depararmos com mais um expressivo problema de sa&uacutede p&uacuteblica em nosso j&aacute combalido pa&iacutes.

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fonte VEJA.COM

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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