O risco de que a gripe aviária chegue à América Latina oscila “entre baixo e moderado”, assegurou hoje em Santiago o diretor de produção e saúde de aves da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para a região, Tito Díaz. Ele advertiu, no entanto, que “não existe risco zero”.
“Sempre existe o risco de que a cepa patógena chegue à região”, afirmou o especialista colombiano.
Para diminuir o risco, Díaz diz que “é preciso melhorar a capacidade de diagnosticar a doença e reagir oportunamente” no caso de surgir uma cepa na América Latina.
O mexicano Moisés Vargas-Terán, também da FAO, disse que a região ainda está livre do vírus, mas sua introdução representaria “um risco constante”, tanto em termos econômicos quanto sociais. Por isso, é necessária uma vigilância constante e um planejamento em nível nacional e regional, afirmou.
A FAO investiu US$ 2 milhões para fortalecer a vigilância epidemiológica e as capacidades dos serviços veterinários e laboratórios de diagnóstico e para gerar conhecimento científico sobre o deslocamento de aves migratórias.
Além disso, a verba serve para construir redes de informação e tecnologia com outras regiões do mundo, no âmbito do sistema de vigilância global da gripe aviária por vírus H5N1 (o mais perigoso), e assentar as bases para a correta divulgação pública dos riscos.
Os especialistas disseram que, para isto, a FAO promoveu um trabalho entre os países da região, do qual saiu a Estratégia Regional de Comunicação e Informação para a prevenção da doença.
“O investimento para prevenir sempre será menor que os recursos que um foco da doença causaria na região”, o chefe da divisão de proteção pecuária do Serviço Agrícola e de Criação de Gado (SAG) do Chile, Jorge Ternicier.
A carne de ave e os ovos são os produtos pecuários mais consumidos na América Latina e base fundamental da segurança alimentar de milhões de pessoas.
Segundo Ternicier, a indústria avícola é de enorme importância, e o impacto da introdução de qualquer cepa da gripe aviária “geraria grandes perdas econômicas” para a região.
Segundo os representantes da FAO, o Brasil está entre os países mais preparados para prevenir ou combater a doença, enquanto os de maior risco são Cuba, Barbados, Jamaica e República Dominicana, que contam com menores recursos. Mas o risco em perdas econômicas é maior para os brasileiros e mais Argentina, Colômbia, Chile e México, por serem os principais exportadores de aves de curral.
Segundo dados da FAO, a gripe aviária teve uma propagação sem precedentes e afetou 60 países da Ásia, do Oriente Médio, da Europa e da África. Só no Sudeste Asiático, a doença provocou perdas próximas a US$ 10 bilhões.
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