quinta-feira, 21/11/2024
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Falta apoio e campanha de Alckmin dá sinais de crise

Faltou pouco para Alckmin desembarcar em Palmas e não ter ninguém a recepcioná-lo. Como a primeira parte da agenda estava a cargo do PFL, os tucanos simplesmente deixaram por conta dos pefelistas a recepção, sem se dar conta de que a deputada Kátia Abreu (PFL-TO) havia decidido esperar o candidato em casa. O jeito foi improvisar uma recepção temperada por um discurso que expôs a fragilidade da aliança PSDB-PFL no Tocantins – quarto menor colégio eleitoral do País, com 882 mil eleitores.

Em discurso de boas-vindas, Kátia Abreu pediu a Alckmin que compreendesse e relevasse suas diferenças com o PSDB. “Nosso maior adversário, hoje, em Tocantins, é o 45”, disse a deputada, referindo-se ao número do PSDB na disputa eleitoral. “Sabemos da diferença entre o 45 de Siqueira Campos (cacique tucano e ex-governador do Estado) e o 45 de Alckmin, mas fica difícil passar isso para a população. Vamos tentar superar essa dificuldade e fazer o possível para que sua eleição possa ocorrer.”

Ao fim do encontro, a deputada admitiu ter se recusado a receber Alckmin no aeroporto, mas afirmou que não foi por “indelicadeza” com o candidato. “Não fui para não encontrar o PSDB (local). Nosso rompimento tem só um ano e o eleitor não compreenderia uma fotografia com todos nós juntos”, justificou-se. Kátia é candidata ao Senado.

Tocantins não foi um episódio isolado. Com o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, tornaram-se mais explícitos os conflitos internos. Ontem, em Brasília, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), anunciou que vai exigir que o nome de Alckmin seja incluído na propaganda eleitoral dos candidatos do partido nos Estados.

A orientação para vincular o nome do presidenciável à propaganda já havia sido dada pelo coordenador-executivo da campanha, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), em sucessivas reuniões. Mas a ordem não foi cumprida e Alckmin continua ausente nos programas de governadores e senadores no horário eleitoral gratuito. Apenas alguns candidatos à Câmara têm pedido votos para ele.

Impaciência – A cúpula da coligação PSDB-PFL avalia que a campanha ainda não deslanchou como deveria. E, como o candidato também não cresceu nas pesquisas, o clima de impaciência contamina setores dos dois partidos.

O PSDB tenta minimizar a crise que se arrasta há meses. O PFL, que está ausente também do programa de Alckmin, cobra uma posição mais agressiva contra o candidato-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Não agüento mais a falta de coragem de Alckmin de bater em Lula”, criticou o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). O tiro de ACM mirou o coração da estratégia tucana, de uma campanha propositiva e menos agressiva.

Já Tasso e Guerra reforçam a posição do coordenador de comunicação, Luiz Gonzalez. Para ambos, Gonzalez tem carta branca para seguir a estratégia que considerar mais adequada na TV. “Ninguém pode impor nada”, disse Tasso. “Está tudo tranqüilo.”

Tanto o presidenciável tucano quanto Tasso admitem reservadamente que os principais focos da intriga são o prefeito do Rio, César Maia (PFL), e o cientista político Antonio Lavareda. Ambos se revezam num tipo de crítica aos programas que os tucanos não apreciam. Lavareda, o especialista em marketing eleitoral que o PFL escalou para o time de comunicação de Alckmin, e Maia cobram mais contundência. O tucano, como revelou na quarta-feira passada ao participar do evento Eleições 2006 no Estadão, prefere os conselhos do pai, “seu Geraldo José”, aos dos pefelistas. Segundo Alckmin, o pai sempre o aconselhou a não ser duro com os erros dos adversários por entender que isso não melhorava em nada seus acertos.

Em Palmas, Alckmin insistiu na tese de que precisa se apresentar ao eleitorado por ser pouco conhecido e, por isso, continuará a fazer um programa de TV calcado em sua biografia política e propostas. “O contraditório terá seu tempo”, afirmou. O que será o contraditório? Resposta: “A pauleira da campanha.”

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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