Dois carros-bomba foram detonados ontem num bairro xiita em Bagdá, matando ao menos 88 pessoas e deixando outras 160 feridas. Foi o pior ataque desde novembro, quando 215 iraquianos foram mortos em Cidade Sadr. O atentado faz parte da recente onda de insurgência sunita que teve início na semana passada, dias após o enforcamento do meio-irmão de Saddam Hussein, Barzan al-Tikriti, no qual ele foi decapitado.
As explosões ocorreram num movimentado mercado de produtos usados, em Bab al-Shari, no centro da capital. Por volta do meio-dia, dois carros-bomba estacionados entre as barracas foram detonados por controle remoto. “Havia pedaços de corpos e pessoas carbonizadas, uma cena horrível”, disse, sem se identificar, um funcionário do Ministério do Interior.
Segundo a polícia, cada um dos carros continha 100 quilos de explosivos. A mesma área já havia sido atacada há um mês, quando 63 pessoas morreram.
Em um outro atentado à bomba, 14 pessoas foram assassinadas em Khalis (a 50 quilômetros da capital) – somando mais de 100 mortos ontem apenas na região de Bagdá. A 10 quilômetros do local do ataque, em Baquba, homens armados invadiram a casa do prefeito, Khaled al-Sinjari, e o seqüestraram.
O Exército americano informou que 93 rebeldes ligados à Al-Qaeda foram mortos e 57, capturados, durante uma série de operações realizadas na capital nos últimos 10 dias.
Também foram apreendidos armamentos, incluindo 1.200 foguetes Katiusha. Segundo a rede de TV CNN, o helicóptero dos EUA que caiu no sábado, matando 12 soldados, foi abatido por um míssil. A Al Qaida assumiu o atentado, em nota divulgada ontem em um site.
Em baixa, Bush fala
Nos EUA, o presidente George W. Bush faz hoje o seu discurso anual sobre o Estado da União, justamente no pior momento de sua presidência. O motivo: a profunda insatisfação pública sobre sua política para o Iraque. Seu plano de enviar mais 21.500 soldados para o Iraque sofreu críticas severas e, segundo pesquisa pesquisa Washington Post-Rede ABC divulgada ontem, aprovação de Bush é de 33% – a mais baixa desde que ele assumiu a presidência, em 2001.
JT