O Exército israelense saiu do norte da faixa de Gaza nesta quarta-feira, depois de realizar uma operação militar na qual morreram ao menos 11 palestinos e mais de 45 ficaram feridos. A informação sobre a retirada é da agência Efe, que cita fontes militares.
Um porta-voz militar disse que as forças se retiraram e que, neste momento, só ficaram efetivos no sul da faixa de Gaza, em outra operação que o Exército realiza nas últimas horas.
Mohammed Salem/Reuters
Parente de membro do Jihad Islâmico carrega fuzil AK-47 durante funeral
Sobre a violenta operação no norte, a fonte disse que “foi uma operação de rotina que não excede em força a outras nas últimas semanas contra infra-estruturas terroristas”.
“Para a imprensa, pode parecer de maior envergadura que outras devido ao número de vítimas, mas se trata, na realidade, de uma operação de rotina, com um número reduzido de efetivos”, acrescentou.
O jornal israelense “Haaretz” estimou o número de mortos em 12. Segundo o jornal, o Exército penetrou entre um e dois quilômetros na faixa de Gaza e conduziu buscas por militantes procurados, explosivos e túneis secretos.
A maior parte dos ataques no norte se concentrou no bairro de Shejaeya, ao leste da Cidade de Gaza, onde no começo da manhã entraram soldados de infantaria, apoiados por helicópteros e tanques.
Hamas
A operação de hoje foi a maior de Israel desde que o grupo islâmico Hamas assumiu o controle de Gaza, há cerca de duas semanas.
A ofensiva, ocorrida na Cidade de Gaza e em Khan Younis (sul), parece ser um sinal de que Israel pretende manter a pressão militar sobre o Hamas e seus esforços para isolar o grupo.
Moradores locais relataram que homens armados palestinos lançaram granadas e detonaram bombas nos confrontos contra as tropas de Israel.
O porta-voz do Hamas e representante do grupo no Líbano Osama Hamdan afirmou que uma eventual invasão israelense em Gaza será respondida “de forma sem precedentes”.
“O Hamas não descarta a volta do Exército israelense e se prepara para esta possibilidade desde a saída das tropas de Israel em 2005”, disse Hamdan. “Prometemos a nosso povo que resistiremos a uma invasão de forma sem precedentes, que o inimigo não pode nem imaginar”, completou.
Vítimas
Durante a operação israelense, três homens armados foram mortos perto de Khan Younis. Em Cidade de Gaza, quatro extremistas e quatro civis — entre eles um menino de 12 anos– morreram nos combates, de acordo com fontes médicas. Outras 45 pessoas ficaram feridas na violência.
Ao menos três dos extremistas eram membros do Hamas, que tomou à força o controle da faixa de Gaza em 14 de junho, dando fim ao governo de coalizão com o partido rival Fatah.
Após a tomada de Gaza, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, líder do Fatah, anunciou o fim do governo e montou um gabinete de emergência na Cisjordânia.
O porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum, qualificou a incursão de Israel como parte de uma “conspiração” da qual Abbas faz parte, e que visa pressionar o Hamas e o “povo de Gaza”.
O Fatah também condenou a operação militar, afirmando que Israel está usando a tomada de Gaza pelo Hamas para justificar “agressões contra civis palestinos”. Abbas, citado pelo “Haaretz”, afirmou que “condena fortemente esses atos criminosos, tanto em Gaza quanto na Cisjordânia. Somos contra todos os tipos de violência, inclusive lançamentos de foguetes [contra Israel].”
Uma porta-voz militar em Tel Aviv disse que o Exército age “contra ameaças terroristas”, e que dois soldados israelenses foram feridos em combate em Khan Younis.