Relatórios da corporação mostram que as tropas parecem estar concentrando seus esforços na captura dos centros de comando e controle e na expulsão dos membros do Hamas
As tropas de Israel chegaram ao centro da Faixa de Gaza nesta terça-feira, 7, informou o ministro da Defesa, Yoav Gallant. “Estamos no centro da Cidade de Gaza”, afirmou Gallant em uma entrevista coletiva. “Gaza é a maior base terrorista já construída”, acrescentou, garantindo que vão destruir o Hamas. As tropas invadiram a Faixa de Gaza há dez dias, após semanas de contínuos ataques de artilharia a partir do solo israelense e bombardeios aéreos, e conseguiram cercar a Cidade de Gaza, principal cidade do enclave palestino. “Pela primeira vez em décadas, as Forças de Defesa de Israel estão lutando no coração da Cidade de Gaza”, disse Yaron Finkelman, comandante do Comando Sul das forças israelenses, em um comunicado. “Neste exato momento, nossos soldados estão eliminando terroristas, descobrindo túneis e destruindo armas enquanto continuam a avançar no coração do inimigo”, afirmou o major-general Finkelman. Soldados assumiram o controle de uma fortaleza militar do Hamas na Cidade de Gaza e atacaram combatentes do grupo escondidos perto de um hospital, disseram hoje as Forças de Defesa de Israel.
De acordo com os relatórios da corporação, as tropas parecem estar concentrando seus esforços na captura dos centros de comando e controle e na expulsão dos membros do Hamas de seus redutos nos arredores da cidade, alguns dos quais – segundo as autoridades israelenses – estão próximos ou em túneis sob hospitais no enclave. A informação vem no mesmo dia em que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que na segunda-feira, 6, conversou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre pausas técnicas israelenses em Gaza, afirmou que não haverá cessar-fogo com o Hamas, nem entrega de combustível na Faixa de Gaza enquanto o movimento islamista não libertar os reféns que mantém cativos no território palestino. “Nem gasolina (…), nem cessar-fogo sem a libertação dos nossos reféns”, disse Netanyahu durante um discurso televisionado no dia em que se completa um mês do início da guerra.
Israel declarou guerra ao Hamas há exatamente um mês, após sofrer um ataque do grupo islâmico que deixou mais de 1.400 mortos e mais de 5,4 mil feridos em seu território, além de 230 pessoas sequestradas e levadas para Gaza. Apesar dos reiterados pedidos para uma trégua humanitária em Gaza e com um saldo de mais de 10.300 mortos no território palestino, segundo o movimento islamista palestino. A guerra se desencadeou em 7 de outubro, quando o Hamas lançou o ataque mais mortífero da história de Israel. Mais de 1.400 pessoas morreram nesse ataque, segundo as autoridades, em sua maioria civis, no próprio dia da incursão. Entre os mortos há mais de 300 militares. Na Guerra dos Seis Dias de 1967, Israel ocupou a Faixa de Gaza, um território do qual se retirou em 2005, mas que mantém bloqueado por ar, terra e mar.
Nesta terça, as Forças de Defesa de Israel (FDI) divulgaram um vídeo que mostra centenas de palestinos, alguns com os braços levantados e outros carregando bandeiras brancas, aparentemente caminhando em direção ao sul da Faixa de Gaza para fugir dos bombardeios incessantes israelenses. Uma densa caravana de homens, mulheres, crianças e até mesmo um burro puxando uma carroça avança em frente a um tanque das FDI ao longo de uma rua cujos prédios apresentam graves danos, de acordo com o vídeo de 17 segundos postado na conta da rede social X (ex-Twitter) de Avichay Adraee, porta-voz em árabe das FDI. “Hoje, as Forças de Defesa de Israel estão mais uma vez permitindo a passagem pela estrada de Salah al Din entre 10h e 14h (horário local). Para sua segurança, aproveite esta oportunidade para ir para o sul, para além de Wadi, cidade no centro do território palestino”, escreveu Adraee no texto que acompanha o vídeo. “Se você se preocupa consigo mesmo e com seus entes queridos, siga para o sul de acordo com nossas instruções”, acrescentou o porta-voz, denunciando que o grupo islâmico palestino Hamas “continua a minar os esforços humanitários” no enclave.
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Nos últimos dias, as FDI abriram corredores com duração de três a quatro horas para que os civis que ainda estão no norte da Faixa de Gaza se desloquem – inclusive por mais de 20 quilômetros – para a metade sul do enclave, onde também ocorrem bombardeios e incursões terrestres israelenses, mas com menos intensidade. O corredor foi aberto pela primeira vez no último sábado, mas nenhum morador da Faixa de Gaza conseguiu sair devido ao risco de ser atacado a qualquer momento e à falta de combustível. As FDI informaram que suas tropas foram atacadas pelo Hamas ao tentar abrir a rota humanitária. No dia seguinte, dezenas de habitantes da Faixa de Gaza se aventuraram pelo corredor em carroças, bicicletas, alguns em carros, mas a maioria a pé.
“Estamos fazendo isso porque entendemos que precisamos ter certeza de que podemos levar as pessoas para o sul e trazer o máximo de assistência humanitária que pudermos. E, ao mesmo tempo, precisamos chegar mais perto do Hamas neste momento na Cidade de Gaza”, disse Richard Hetch, outro porta-voz militar. Estima-se que 400 mil habitantes permaneçam no norte da Faixa de Gaza. Cerca de 1,5 milhão – mais da metade da população total do território – foram deslocados para o sul, onde há uma grave crise humanitária de superlotação, hospitais em colapso, escassez de água potável, alimentos, medicamentos, eletricidade e combustível. Israel está sob crescente pressão internacional para aceitar um cessar-fogo humanitário após um mês de guerra.
*Com informações das agências internacionais