O ex-secretário de Planejamento, Arnaldo Alves, presta depoimento nesta quinta-feira (27) na 7ª Vara Criminal, de responsabilidade da juíza Selma Arruda, em ação decorrente da Operação Sodoma 4, que apura a desapropriação irregular do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
A área foi desapropriada ao custo de R$ 31 milhões para os cofres públicos, porém metade do valor, R$ 15,7 milhões, foi revertido em propina, que beneficiou o esquema do grupo criminoso chefiado pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
Arnaldo foi preso em setembro de 2016, mas obteve a liberdade em janeiro deste ano. Ele confessou, chorando, ter recebido parte do dinheiro da desapropriação, através do ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf, em cheques, no valor total de R$ 607 mil.
“Nadaf me disse que estava fazendo uma desapropriação e que haveria retorno para o Estado. Ele disse que iria sobrar um dinheiro e que me colocou na lista para receber esse valor de excesso, e assim foi feito. Acredito que ele me entregou esse valor em três vezes. Guardei esse dinheiro na minha sala, na secretaria”, disse.
O ex-secretário confessou ter “investido” o dinheiro, através de empréstimo para o dono do Buffet Leila Malouf, Alan Malouf, já que os dois eram amigos há muitos anos.
“Apareceu um amigo meu e do Pedro, o Alan Malouf, e eu não tinha com que usar propina e disse que emprestava para o Alan sem o compromisso de pagar”, contou.
Para ele, o “dinheiro extra” era como uma espécie de bônus e que merecia o recebimento.
“Propina era uma coisa extra pra mim e eu não estava precisando. Eu achei que ganhei esse dinheiro, mas no final foi muito ruim porque eu não precisava disso”.
“Quando eu fui preso em Brasília eu nem sabia por que estava sendo preso”, relatou.
Arnaldo Alves respondeu apenas às perguntas da magistrada e se recusou a esclarecer os questionamentos da promotora de Justiça, Ana Cristina Bardusco.
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