Os contratos assinados entre o Governo de Evo Morales e doze petrolíferas apresentam graves contradições, entre elas uma em que os riscos de investimento devem ser assumidos tanto pelas companhias como pelo Estado boliviano.
Assim denunciou o ex-ministro boliviano de Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, em entrevista concedida ao jornal local “La Prensa”.
Segundo Soliz, o anexo “D” dos convênios prescreve que a companhia petrolífera estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) assuma riscos de investimento que concernem somente às companhias.
Como já revelou há quase um mês em carta enviada ao Congresso boliviano, Soliz insistiu em que os acordos contemplam a produção compartilhada, o que faculta as empresas a inscreverem nas bolsas de seus países o valor das reservas que explorem na Bolívia.
“Com este argumento as companhias podem registrar na bolsa as reservas bolivianas de gás e petróleo, cujo valor ultrapassa os US$ 200 bilhões, com o que a nacionalização (dos hidrocarbonetos) terá ficado totalmente desvirtuada”, enfatizou o ex-ministro.
Acrescentou que pediu ao Congresso que ordenasse a YPFB o esclarecimento deste ponto nos contratos, embora “infelizmente” sua solicitação não tenha sido atendida.
O Ministério boliviano da Presidência respondeu as denúncias de Soliz, mediante um comunicado no qual manifestava que, graças aos acordos assinados, as petrolíferas não podem anotar como próprias nem como “”títulos de valores”” as reservas de hidrocarbonetos do país.
Os 44 novos contratos foram assinados por duas filiais da brasileira Petrobras, a hispânica argentina Repsol YPF e sua subsidiária Andina, a franco-belga TotalFinaElf e a britânica British Gas, entre outras.