A Polícia Federal deflagrou uma nova operação , em conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita Federal, em que prendeu o ex-chefe da Casa Civil do Rio de Janeiro Régis Fichtner (governo de Sérgio Cabral) e o empresário Georges Sadala.
A operação é uma nova fase da Lava Jato no Rio de Janeiro e foi batizada como “C’est fini”, que significa “É o fim” em francês. Ela é um desdobramento das investigações da Operação Calicute, na qual é investigado o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral , e que foi deflagrada em novembro do ano passado. A nova fase tem como objetivo esclarecer a existência do pagamento de propina por parte de diversos investigados relacionados ao grupo.
O nome "C'est fini" é uma referência ao fim do jantar em Paris que ficou conhecido como "Farra dos Guardanapos", no qual participaram o ex-governador, ex-secretários do Rio e empresários.
Além de Régis Fichtner, outras quatro pessoas também foram presas preventivamentes a pedido do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Entre os presos estão o empresário Georges Sadala – suspeito de ser o operador financeiro do esquema montado pelo ex-governador – e os engenheiros Maciste Granha de Mello Filho e Henrique Alberto Santos Ribeiro, acusados de favorecimento no esquema de propina, que chegou a desviar R$ 21 milhões.
Participam da operação 14 auditores-fiscais e analistas-tributários da Receita Federal, que cumprem mandados de busca e apreensão, entre outros mandados judiciais expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro . Segundo a Receita, foram realizadas análises fiscais em que foram identificados indícios da possível distribuição fictícia de lucros e dividendos por, pelo menos, uma empresa ligada a um dos investigados, com intuito do aumento patrimonial.
Também foi observado o expressivo aumento patrimonial dos investigados. O patrimônio líquido de um deles, por exemplo, vai de pouco menos de R$ 1 milhão, em 2006, para mais de R$ 28 milhões em 2016, o que representa um aumento de mais de 2.800% em dez anos.
“Suspeita-se que empresários costumavam procurar um ex-secretário de Estado [no caso o ex-chefe da Casa Civil Régis Fichtner], tido como muito influente, para obter facilidades no governo estadual. O serviço chamado “Poupa Tempo” também é investigado na operação.
Esquema de Cabral
Segundo o MPF, a movimentação aponta para lavagem de dinheiro pago como propina à organização criminosa em contratos que o Governo do Estado do Rio de Janeiro firmou com a FW Engenharia.
Em diligências de busca e apreensão autorizadas durante a Operação Calicute , foram apreendidas diversas anotações que indicam o pagamento de propina pela empreiteira FW Engenharia em benefício da organização criminosa chefiada pelo ex-governador.
Um dos contratos firmados com a empresa, no valor de R$ 35 milhões, teve por objeto a elaboração de projeto executivo e a execução de obras complementares de urbanização no Complexo de Manguinhos, comunidade beneficiada pelo PAC Favelas. A contratação foi financiada com recursos da União provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento.
As denúncias já apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro revelam como o ex-governador instituiu, ao assumir o governo do Rio, em 2007, um esquema de cartelização de empresas e favorecimento em licitações, mediante pagamento de propina de cerca de 5% em todas as grandes obras públicas de construção civil contratadas junto ao ente público, quase sempre custeadas ou financiadas com recursos federais.
As investigações da Operação Lava Jato demonstram que a organização liderada por Sérgio Cabral desviou mais de US$ 100 milhões dos cofres públicos mediante engenhoso processo de envio de recursos oriundos de propina para o exterior.
*Com informações da Receita Federal e da Agência Brasil
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