O número de casos suspeitos envolvendo a mortífera bactéria Escherichia coli (E. coli), que deixou milhares de doentes na Europa, chegou a quatro nos Estados Unidos, segundo informou o Centro de Controle de Doenças do país neste domingo.
“Neste momento, não há relatos de quaisquer outros casos suspeitos adicionais” nos Estados Unidos, segundo disse a porta-voz do órgão, Lola Russell.
Todos os quatro pacientes visitaram a cidade de Hamburgo, na Alemanha, recentemente.
O surto raro de E. coli infectou pessoas em 12 países –e já matou 22, além de deixar mais de 2.000 doentes.
Brotos de feijão e de outros alimentos podem ser a fonte da infecção bacteriana, segundo informaram autoridades alemãs.
Não há indicações de que o fornecimento de alimentos dos EUA seja afetado pela bactéria, segundo informou o governo norte-americano.
Como medida de precaução, no entanto, o país deve aumentar a vigilância sobre alimentos frescos oriundos de locais ou áreas preocupantes. Mas as autoridades acrescentaram que a União Europeia não é uma fonte significante de produtos perecíveis para os EUA.
INFECÇÃO EM NÚMEROS
O Instituto Robert Koch (IRK) divulgou neste domingo que o número de mortes por complicações causadas pela bactéria subiu para 22 (21 na Alemanha e um na Suécia) e que os casos confirmados somam 2.200, e autoridades disseram que a fonte do surto pode estar em brotos de feijão.
Mais detalhes sobre as investigações devem ser anunciados numa coletiva de imprensa na noite deste domingo. Gerth Hahne, porta-voz da secretaria de Agricultura do Estado da Baixa Saxônia, adiantou ao jornal britânico “Guardian” que um alerta seria enviado imediatamente para que as pessoas evitem comer brotos de feijão na Alemanha.
Reinhard Burger, diretor do IRK, disse que do total de infectados, 627 sofrem da síndrome hemolítico-urêmica, ou HUS e que os casos de contaminação podem subir a 2.500 –caso outras suspeitas sejam confirmadas.
Em coletiva, o ministro da Saúde alemão, Daniel Bahr, defendeu a gestão da crise e disse que Hamburgo reagiu mais rápido e de forma mais eficiente do que em outros surtos de E. coli já registrados em outros países.
A oposição, no entanto, acusa o governo e diz que a crise poderia estar sendo controlada de forma mais enérgica.
Também neste domingo especialistas disseram ao jornal “Welt am Sonntag” que a bactéria pode ter se espalhado a partir de uma unidade de biogás. Durante o processo de fermentação de biogás, frequentemente novas bactérias se desenvolvem.
“Elas se cruzam e se fundem”, disse Bern Schottdorf. “Até agora não foi pesquisado o que acontece depois disso.”
HOSPITAIS ALÉM DO LIMITE
Mais cedo, o ministro da Saúde disse que os hospitais da Alemanha estão tendo dificuldades para lidar com o enorme fluxo de vítimas da bactéria.
Os hospitais de Hamburgo, epicentro do surto que começou há três semanas, têm dispensado pacientes com doenças menos graves para poder atender às pessoas atingidas por uma cepa rara e extremamente tóxica da bactéria Escherichia coli (E. coli).
“Estamos enfrentando uma situação tensa em relação aos cuidados com os pacientes”, disse Bahr ao jornal “Bild am Sonntag”, no domingo. Ele acrescentou que hospitais fora de Hamburgo podem ser utilizados para compensar a “falta de leitos” na segunda maior cidade da Alemanha.
Um porta-voz do hospital Regio Clinics, o maior hospital particular do Estado de Schleswig-Holstein, que fica perto de Hamburgo, disse que a crise estava usando os recursos até o limite.
Ele disse ainda que “cirurgias para doenças não fatais estão sendo remarcadas. No entanto, parece que a situação está melhorando, já que agora temos apenas 60 pacientes que precisam ficar isolados, comparados com os 109 na sexta-feira.”