Os Estados Unidos e a China concordaram em coordenar uma resposta ao foguete de longo alcance que a Coreia do Norte planeja lançar em abril, informou a Casa Branca nesta segunda-feira. Segundo o governo norte-coreano, o foguete foi colocado em uma plataforma de lançamento enquanto líderes mundiais se reúnem em Seul, na Coreia do Sul, para a segunda edição da Cúpula de Segurança Nuclear.
Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da China, Hu Jintao, discutiram a questão norte-coreana durante uma reunião paralela à cúpula. De acordo com a Casa Branca, Obama fez um apelo para que Hu use a influência de seu país sobre a Coreia do Norte para levar o país a cumprir suas “obrigações internacionais”.
De acordo com Bem Rhodes, vice-conselheiro de Obama para assuntos de segurança nacional, o líder chinês indicou que a China encara a questão com seriedade e transmitiu suas preocupações ao governo norte-coreano.
Mas Rhodes foi cauteloso ao responder se as palavras de Hu indicam que a China tomará uma posição mais dura em relação à Coreia do Norte. “Os chineses já expressaram essas preocupações antes e o governo norte-coreano não mudou seu comportamento”, afirmou. “Então, a China precisa analisar se não é preciso fazer mais do que essas mensagens e avisos.”
De acordo com a agência oficial chinesa, a Xinhua, Hu afirmou a Obama que “não quer ver um recuo no momento em que as tensões na península diminuem”, em referência ao anúncio, feito em fevereiro, de que a Coreia do Norte concordou em suspender as atividades nucleares e aceitou uma moratória nos testes.
A Coreia do Norte diz que o foguete carrega um satélite e será lançado entre 12 e 16 de abril para marcar o centésimo aniversário de nascimento do ex-presidente Kim Il-sung. De acordo com anúncio feito pelo governo nesta segunda-feira, o foguete foi colocado em uma plataforma de lançamento em Dongchang-ri, no nordeste do país.
Os Estados Unidos afirmam que qualquer lançamento viola resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) e tem a validade de um teste de míssil. A Coreia do Sul afirmou que vai atirar contra o foguete se ele invadir seu território.
Em discurso em uma universidade de Seul, Obama fez um apelo para que os líderes norte-coreanos “tenham a coragem de buscar a paz”. “Já deve ter ficado claro”, afirmou Obama, “que suas provocações e buscas por armas nucleares não lhe trouxeram mais segurança, mas, sim, menos segurança. Ao invés de conquistarem a dignidade que desejam, vocês estão mais isolados.”
No domingo, ao ladodo presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, Obama disse que a Coreia do Norte corre risco de sofrer novas sanções, incluindo suspensão de ajuda alimentar, se não cancelar os testes com foguetes.
O presidente americano também visitou a zona desmilitarizada que separa as duas Coreias, onde cumprimentou soldados americanos e disse que eles estavam na "fronteira da liberdade". Segundo Obama, o contraste entre os dois lados da fronteira "não poderia ser mais absoluto" e os militares "estão trabalhando para criar o espaço e a oportunidade para a liberdade e prosperidade"
Cúpula nuclear
O plano norte-coreano de lançar o foguete dominou o primeiro dia de cúpula nuclear, um encontro entre líderes de mais 50 países que discute passos a serem tomados para reduzir a ameaça atômica. O Brasil é representado pelo vice-presidente Michel Temer. A Coreia do Norte não participa do encontro.
No discurso desta segunda-feira, Obama afirmou que os Estados Unidos têm mais armas nucleares do que precisam e que é necessário um corte no arsenal que não enfraqueça sua segurança e a de seus aliados. Em tom pessoal, Obama disse que busca um mundo sem armas nucleares como presidente do único país que as usou e como um pai que quer acabar com a ameaça de “aniquilação atômica”.
“Podemos dizer com convicção: temos mais armas nucleares do que precisamos”, afirmou. “Acredito que podemos garantir a segurança dos Estados Unidos e de nossos aliados e, ainda assim, buscar novas reduções no nosso arsenal.”
Embora o foco de seu discurso fosse a Coreia do Norte, Obama também fez advertências ao Irã, dizendo que o país “precisa agir com seriedade e senso de urgência” para “cumprir suas obrigações”. “Tratados têm legalidade e violações terão consequências”, afirmou.
O presidente americano se reuniu com o presidente russo, Dmitri Medvedev, com quem assinou em 2010 um pacto de redução de arsenais. Obama disse que os dois países ainda discutem a eliminação de uma quantidade de plutônio suficiente para 17 mil bombas nucleares, um material que seria usado para produzir eletricidade.
As próximas negociações acontecerão em maio entre Obama e Vladimir Putin, que venceu as eleições presidenciais e substituirá Medvedev. Mas novas reduções dos arsenais devem enfrentar forte resistência da oposição republicana no Congresso americano, principalmente em ano eleitoral.
Com AP, BBC, AFP e Reuters