Os governos dos Estados Unidos e do Afeganistão mantiveram contatos nos últimos meses com o clã de Haqqani, o mais perigoso dos grupos insurgentes afegãos, segundo reportagem do jornal britânico “The Guardian”, publicada nesta quinta-feira (7).
O governo de Hamid Karzai manteve no meio deste ano conversas diretas com membros destacados desse clã, segundo fontes paquistanesas e árabes, citadas pelo jornal.
Por sua vez, os contatos dos EUA, que já duram um ano e meio, são indiretos, por meio de um intermediário ocidental não-vinculado ao governo, diz a reportagem.
O clã de Haqqani é conhecido por seu caráter impiedoso. Ele mantém estreitos laços com a organização terrorista Al Qaeda.
Cabul e Washington chegaram, no entanto, à conclusão de que não se pode excluir esse grupo para se chegar a um acordo de paz durável no Afeganistão.
Uma fonte ocidental disse ao jornal que os Estados Unidos consideram o grupo de Haqqani é neste momento mais poderoso que a Quetta Shura – o grupo de taleban liderado pelo mulá Omar.
“A Quetta Shura continua sendo grande, mas não tanto quanto se pensava há dois anos. Seu prestígio e impacto decaíram e tem cada vez menos importância no campo de batalha. Agora a ameaça militar procede dos Haqqani”, disse essa fonte.
Os dois pólos da insurgência estão situados a uma distância de pelo menos 400 quilômetros ao longo da chamada Linha Durand, a fronteira paquistanesa.
O diário americano “The Washington Post” informou ontem sobre a existência de contatos de alto nível entre o governo afegão e a Quetta Shura, mas não com a rede de Haqqani.
O chefe da CIA (Inteligência americana), Leon Panetta, disse em junho que não achava que o clã Haqqani tivesse o mínimo interesse na reconciliação nacional.
No entanto, as fontes ocidentais, árabes e paquistaneses contatadas pelo “The Guardian” indicaram que os Haqqani parecem ter chegado à conclusão de que a saída mais provável do atual conflito é um “acordo negociado” e não querem ficar à margem.
EFE/UOL