A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, deve anunciar nesta sexta-feira que Israel e os palestinos retomarão as negociações de paz diretas, pela primeira vez em 20 meses, informou o jornal americano The New York Times na noite de quinta-feira. A retomada do diálogo seria o primeiro após meses de contatos indiretos e nove anos sem negociações significativas.
O jornal, que cita dois funcionários que pediram anonimato, afirma que o primeiro-ministro israelense, Benyamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmud Abbas, aceitaram conversar e serão recebidos em Washington, nos primeiros dias de setembro, para retomar as negociações.
Pensamos que estamos muito, mas muito perto do início de negociações diretas…”, disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley.
Segundo Crowley, Hillary consultou o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Nasser Judah, uma figura árabe importante nos diálogos de paz, e o ex-premiê britânico Tony Blair, que representa o Quarteto para o Oriente Médio, integrado por Estados Unidos, Rússia, ONU e União Europeia.
O Quarteto poderá, até mesmo, emitir um comunicado de apoio ao diálogo direto, suspenso desde dezembro de 2008. “Acreditamos que, se atingirmos o ponto que esperamos chegar, os membros do Quarteto demonstrarão seu apoio ao proceso…”, destacou Crowley.
O anúncio de Hillary deve incluir um cronograma e outros detalhes que devem servir como base para as negociações. O objetivo seria o estabelecimento, no futuro, de um Estado palestino convivendo pacificamente com Israel.
Sem garantias
Nas últimas semanas, o enviado especial dos Estados Unidos ao Oriente Médio, Robert Mitchell, fez contato com autoridades israelenses e palestinos com o objetivo de permitir a retomada das negociações.
Netanyahu vem repetindo estar pronto para a retomada das negociações, mas sem precondições. Já Abbas deseja garantias de que as fronteiras do futuro Estado palestino vão ser baseadas nas linhas do cessar-fogo após a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Abbas também exige o congelamento de construções em assentamentos judaicos em territórios palestinos ocupados antes da retomada de negociações.
Segundo a BBC, porém, mesmo se os dois líderes concordarem em negociar, a possibilidade de sucesso é restrita já que eles enfrentam forte pressão de vários grupos e possuem pouca margem de barganha.
Existem também sérios desentendimentos em alguns dos principais temas. No final de semana grupos palestinos baseados na Síria, incluindo o Hamas, rejeitaram a possibilidade da retomada de negociações diretas com os israelenses.