Pessoas com discos intervertebrais rompidos, mais conhecidos como hérnia de disco, na parte inferior da coluna normalmente se recuperam com ou sem cirurgia, afirmam pesquisadores em seus recentes relatórios.
O estudo, um teste de grandes proporções, descobriu que a cirurgia parece aliviar a dor mais rapidamente, porém todas as pessoas com o problema se recuperam em algum momento, e não nenhum perigo em esperar pela recuperação.
Isso, de acordo com os cirurgiões, provavelmente mudará a prática médica atual.
O estudo, publicado no periódico The Journal of the American Medical Asssociation, é o único teste grande, rigoroso e com sujeitos aleatórios que compara a cirurgia com a espera ciática.
A pesquisa foi controversa desde o início, com muitos cirurgiões afirmando que eles sabiam que a operação funcionava e que seria anti-ético para seus pacientes que participassem.
No fim, entretanto, nem a espera nem a cirurgia ganharam a disputa, e maioria dos pacientes poderia seguramente decidir o que fazer baseado em suas preferências pessoais e nível de dor. Apesar de muitos pacientes não permanecerem com seu tratamento, com qualquer um dos tratamentos propostos, todos se recuperaram.
Os pacientes que realizaram a cirurgia em sua maioria relataram o alívio imediato. Porém, entre três e seis meses, os pacientes nos dois grupos relataram melhoras.
Após dois anos, cerca de 70% dos pacientes nos dois grupos afirmaram que a doença havia apresentado “grande melhora” quanto aos sintomas. Nenhum dos pacientes que esperaram teve conseqüências graves, e nenhum dos pacientes que realizou a cirurgia teve um resultado desastroso.
Muitos cirurgiões há muito temiam que espera pudesse causar danos severos, mas foi comprovado que tais receios não possuíam fundamentos.
“Acho que essa descoberta terá um impacto”, afirmou o dr. Steven R. Garfin, presidente do departamento de Cirurgia Ortopédica da Universidade da Califórnia, campus de San Diego. “Ela mostra que você não tem que sair correndo para fazer uma cirurgia”.
“O tempo normalmente é seu aliado, e não o seu inimigo”, acrescentou ele.
Apesar dos resultados terem respondido uma questão, acerca da segurança da espera, eles também foram, de certo modo, decepcionantes, segundo o dr. David R. Flum, editor colaborador do The Journal of the American Medical Association e professor associado de Cirurgia na Universidade de Washington.
“Todos estavam esperando que o estudo mostrasse quais dos dois métodos era o melhor”, afirmou Flum. “E todos ficaram surpresos pelo número imenso de cruzamentos em ambas as direções”, acrescentou, se referindo ao grande número de participantes que mudaram da cirurgia para espera e vice-versa.
Tal cruzamento, no entanto, contaminou os dados.
“Você não pode dizer qual dos dois é o melhor”, conclui.