Um protesto pela renúncia do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, reúne cerca de 300 pessoas em frente à sede da Suprema Corte, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF).
O movimento afirma que a postura de Mendes no comando da Corte não representa o significado de Justiça. Argumentam que o presidente do STF atua a favor dos ricos, como na concessão do habeas corpus em favor do banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity, que foi preso durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal.
Os manifestantes espalharam 10 mil velas pelo chão da praça, além de faixas pedindo a saída de Mendes. Eles também estão pintando os rostos com as cores verde e amarelo –uma alusão aos “caras pintadas” que protestaram e pediram o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo, atual senador pelo PTB de Alagoas.
Mendes está no prédio do STF e participa da cerimônia do lançamento do Anuário do Judiciário, uma publicação que segundo o Supremo reúne o perfil dos homens e mulheres mais influentes do sistema de Justiça nacional. Os gritos de guerra dos manifestantes de “fora Gilmar” foram ouvidos durante o discurso do presidente do STF sobre o lançamento da revista.
Entre os manifestantes estavam políticos, magistrados, estudantes e servidores públicos. Algumas caravanas de Goiânia (GO) e de outros Estados próximos de Brasília também participam do protesto. O juiz Jorge Moreno, da Comarca de Santa Quitéria (MA), afirma que o excesso de poder de Mendes impede a consolidação da democracia. “É complicado quando uma pessoa assume uma postura autoritária e centralizadora”, disse.
Um dos líderes do Movimento de Olho na Justiça, Pedro César Batista, disse que a intenção é pressionar o Congresso Nacional pela aprovação de um impeachment para destituir Gilmar Mendes da presidência do STF.
“O comportamento dele [Mendes] é parcial e antiético, e seus vínculos e sua história não são condizentes com os de um magistrado. Ele parece mais um parlamentar, não tem condição moral para ser presidente da Corte”, afirmou Batista.
“Não me incomoda de nenhuma maneira. A gente se qualifica na sociedade pelos amigos que se tem e inimigos que se cria”, disse.
O presidente do STF afirmou ainda que foi a Corte que regulamentou e liberou a Praça dos Três Poderes para livres manifestações. “Eu vejo com grande naturalidade qualquer manifestação. Foi o STF, numa decisão da qual eu participei, que afirmou que era livre o protesto na praça dos Três Poderes.”
As manifestações contra Mendes se acentuaram depois que ele protagonizou um bate-boca com o colega Joaquim Barbosa. Na ocasião, o presidente do STF foi acusado pelo colega de “destruir a Justiça” do país. Disse ainda que Mendes deveria sair às ruas, e não na mídia. Mendes pediu respeito a Barbosa, que chegou a afirmar que Mendes não estava falando com os seus “capangas de Mato Grosso”.
F.Online