Às vésperas do julgamento, o serviço é acionado por uma mulher que está sendo aparentemente sequestrada pelo ex-marido. Mas nem tudo parece ser exatamente o que é na narrativa dirigida por Gustav Möller. As ligações entre esse casal e os dois filhos são repletas de nuanças, e o policial só tem o telefone para entender o que está, de fato, acontecendo.
O suspense é muito bem conduzido e o estresse do protagonista é mostrado num crescente. Em busca de soluções para a situação, ele se vale de amigos e sai das normas do sistema. E é nesse ponto que o filme cresce, pois é colocado em xeque o desafio de como ser um excelente profissional seguindo à risca as prescrições da corporação.
O profissional de melhor qualidade não seria justamente aquele que propõe o inesperado para poder lidar com as situações excepcionais, ou seja, aquelas que obrigam a encontrar soluções fora do que está nos manuais? O filme lida com essa e outras questões com crueza, sem concessões ao romantismo.
Por isso mesmo, faz pensar sobre como lidamos com as difíceis questões que nos rodeiam. Problematiza como fugir das respostas prontas é geralmente a melhor alternativa, mas também a mais difícil de ser aceita pelo próprio sistema.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.