domingo, 22/12/2024
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Estreante no Exame de Ordem tem mais sucesso na prova

Os candidatos que fizeram o Exame de Ordem pela primeira vez em julho tiveram desempenho melhor do que os que já conheciam a prova. Dados obtidos com exclusividade pelo iG revelam que a aprovação na prova obrigatória para quem quer ser advogado no Brasil foi de 20,9% entre os estreantes. É o dobro da observada entre os que já tentaram mais de duas vezes, que é de 10,8%.

Quase a metade dos 121.380 inscritos no exame, cujos resultados preliminares foram divulgados pelo iG na sexta-feira, fez as provas pela terceira ou mais vezes. Ao todo, 57.497 candidatos se encontravam nessa situação. E apenas 6.092 deles conseguiram o aval da Ordem dos Advogados do Brasil para atuar na carreira.

– Veja o ranking das faculdades de Direito por índice de aprovação na OAB

Para Marcus Vinícius Coelho, secretário-geral da OAB, a repetência acumulada por candidatos mal preparados reduz a aprovação geral no exame. “Queremos provar que o índice de reprovação é grande entre os que já têm repetência acumulada. São pessoas que, às vezes, insistem por anos, mesmo tendo sido reprovados em muitas edições”, comenta.

Na avaliação do secretário, os recém-formados ou os estudantes em fim de curso são os que alimentam as estatísticas de quem fez a prova pela primeira vez. E eles estão mais preparados para o exame. Dos 36.831 estreantes inscritos na última edição, 7.574 receberão a carteirinha de advogado (20,9%). Outros 4.336 candidatos que declararam estar fazendo o exame pela segunda vez foram aprovados. Eles representam 16,29% do total de inscritos nessa condição.

Despreparo
O professor Paulo Blair, da Universidade de Brasília (UnB), acredita que as primeiras tentativas de aprovação no exame selecionam os bacharéis mais preparados. Aqueles que não tiveram boa formação acadêmica, ele defende, serão os que tentarão obter a autorização para advogar inúmeras vezes, sem sucesso.

“Em vez de imaginarmos que consequentes reprovações tornariam esses candidatos mais preparados para a prova, acredito que a repetição não vai fazer com que o aluno tenha mais chances, mesmo com cursinhos. Eles não suprem uma formação universitária de cinco anos. Se ela foi mal feita, provavelmente o aluno terá chances pequenas de superá-la ao longo do tempo”, pondera.

Luis Fernando Nogueira, coordenador do curso de Direito da Faculdade de Presidente Prudente (Fapepe), acha injusto que a responsabilidade pela aprovação ou não no exame seja atribuída somente à instituição. “Isso (a aprovação) depende do aluno muito mais do que da instituição. É preciso equilibrar as responsabilidades. O aluno também precisa estudar mais”, comenta.

Para ele, a manutenção do Exame de Ordem é importante, mas acredita que os critérios precisam mudar. “A exigência é muito grande, há textos demais e a avaliação, mecânica. Algumas questões na segunda fase estão extremamente aprofundadas”, critica. Nogueira reconhece que os recém-formados estão com a matéria mais fresca na memória, mais preparados para o exame.

O coordenador da Fapepe considera, no entanto, que os estudantes do 9º semestre que tentaram fazer o exame não tiveram o mesmo desempenho do que os formandos. “A nossa formação é muito humanística e filosófica. Ficamos mesmo devendo mais objetividade para a prova da Ordem, que só damos no último semestre mesmo”, conta.

Exame será julgado pelo Supremo
A constitucionalidade do Exame de Ordem, que provoca polêmica principalmente pelos altos índices de reprovação, será julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ainda este ano. Com o objetivo de aprofundar e qualificar a discussão do tema, o iG publica durante toda essa semana reportagens sobre a avaliação.

Priscilla Borges, iG Brasília

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Parmenas Alt
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