O Brasil tem enfrentado um dos maiores períodos de seca da sua história. Pelos cálculos de Expedito Rebello, chefe de Divisão de Pesquisas Aplicadas do Instituto Nacional de Meteorologia, cerca de 90% do País está seco e com temperaturas altas.
As mínimas não saíram dos 16°C em praticamente todas as regiões, enquanto as máximas atingiram 34°C em grande parte do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
A seca, a baixa umidade e as queimadas seguem como as grandes inimigas dos agricultores. Por causa da falta de chuvas, o produtor não consegue nem iniciar o preparo do solo para o plantio de grãos que normalmente ocorre entre outubro e dezembro. Segundo Rebello, o grande problema, no caso do Centro-Oeste, é que o período seco – que dura 120 dias – será mais longo, já que começou mais cedo (em abril).
Além dos problemas agrícolas causados pela estiagem, o tempo quente e seco, com ventos, favorece os incêndios em diversas localidades da região. A baixa umidade, associada ao calor e aos ventos também deixa baixa e crítica as reservas hídricas do solo e grande parte da região registra, em média, 10 milímetros de umidade.
Troca de colheita
A ausência de chuvas pode provocar a troca da soja pelo algodão e afetar a colheita de café. A ocorrência do fenômeno La Niña – resfriamento das águas do Oceano Pacífico – está atrasando o plantio da safra 2007/08. Em pleno setembro, apenas o Rio Grande do Sul iniciou a semeadura e, mesmo assim, de forma tardia. Até agora, o único estado liberado a cultivar soja no Centro-Norte do País é o Mato Grosso. Muitos produtores se programaram para iniciar o cultivo na primeira semana de setembro, mas tiveram de prorrogá-lo à espera de chuvas, o que não ocorre há mais de três meses. No Mato Grosso, a última chuva forte aconteceu em 6 de abril no estado, ainda assim, de apenas 20 milímetros.
Os cafeicultores de Minas Gerais também estão preocupados com a estiagem, que tem atrasado todo o ciclo produtivo.
Falta de água no Rio de janeiro
No Sudeste, a situação começa a preocupar. A falta de água já ameaça oito milhões de pessoas no Rio de Janeiro. A situação é crítica nos municípios de Angra dos Reis, Magé, Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, onde os reservatórios estão abaixo do ideal.
Magé, na Baixada Fluminense, onde vivem cerca de 200 mil pessoas, é a cidade da Região Metropolitana que mais sofre com a estiagem. Com a falta de chuva, o reservatório da Cedae que abastece o município está no seu limite mínimo. Segundo a prefeitura de Magé, 60% dos moradores estão sofrendo com a falta de chuvas. Eles contam que, quando podem, pagam cerca de R$ 150 por um caminhão-pipa ou retiram água de poços artesianos de vizinhos.
Pelos cálculos da Cedae, em setembro deste ano choveu 20 vezes menos do que no mesmo período dos anos anteriores e que isso prejudicou muito o abastecimento. Os técnicos dizem que se não chover forte dentro de 30 dias, a situação vai ficar crítica. A orientação é para que os moradores economizem água.
Na cidade do Rio, o quadro só não se tornou mais grave porque as equipes da Cedae estão fazendo manobras para desviar água para as regiões mais afetadas.
FU/Carlos Antônio