O presidente da Câmara de Várzea Grande informou, nesta terça-feira (14), que não vai mais efetuar o pagamento do salário e da verba indenizatória para o vereador Calistro Lemes do Nascimento, o Jânio Calistro (PSD), que foi preso sob a acusação de ser um dos líderes do tráfico de drogas na cidade.
Mesmo preso, Jânio continuou recebendo os recursos da Câmara de Várzea Grande. Ele foi preso no dia 19 de dezembro, mas recebeu integralmente o salário, de R$ 10 mil, e a verba indenizatória, de R$ 9 mil, referentes ao mês de dezembro. A operação que prendeu Jânio, denominada Cleanup, foi resultado de um trabalho da Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE), comandada pelo delegado Vitor Hugo Bruzulato Teixeira.
“A Câmara Municipal de Várzea Grande vem a público esclarecer que o presidente da Casa de Leis, Fábio José Tardin Fabinho (DEM), definiu que não irá efetuar o pagamento do salário e da verba indenizatória do vereador Calistro Lemes do Nascimento, o Jânio Calistro (PSD), enquanto o mesmo estiver preso”, diz trecho do comunicado enviado pela assessoria de comunicação do legislativo.
No dia 20 de janeiro, após audiência de custódia, Calistro foi mantido preso pelo juiz do caso, Abel Balbino Guimarães, da 4ª Vara Criminal de Várzea Grande. O vereador é policial aposentado e é apontado pelos policiais como uma das pessoas que orientava a compra e a venda de drogas no município.
Na nota, a assessoria da Câmara de Várzea Grande informou que a decisão foi tomada para preservar o respeito ao ‘erário público’. A decisão é que o parlamentar fique sem receber enquanto não poder exercer o seu mandato, para qual foi reeleito em 2016.
“Destaca-se que quanto ao pagamento da remuneração do vereador referente ao mês de dezembro/2019, a mesma se deu de maneira integral, haja vista que, primeiramente, o Poder Legislativo não havia sido comunicado formalmente, e através das autoridades competentes, quanto a prisão do edil, o que ocorreu somente no dia 8/01/2020, além disso, o pagamento do salário do referido mês ocorreu no dia 23/12/2019, quando deu-se início ao recesso parlamentar, sendo que na data da prisão do vereador, a folha de pagamento já encontrava-se em fase de encerramento”, diz trecho da nota.
A assessoria não informou se a Câmara vai abrir algum procedimento contra o vereador. Até o momento, porém, ele é considerado apenas afastado, uma vez que mesmo preso o seu mandato não é cassado.
Patrimônio
O jornal A Gazeta revelou, no dia 20 de dezembro, que Calistro elevou em mais de 500% seu patrimônio. A reportagem cruzou dados da declaração de bens do político com outras informações públicas para entender a evolução do patrimônio do parlamentar. Calistro registrou R$ 80 mil em espécie em 2016 na sua declaração de bens à Justiça Eleitoral. Estes bens aumentaram em pelo menos R$ 500 mil, com a aquisição de uma fazenda pelo vereador no município de Nossa Senhora do Livramento (39 km da Capital). Com isso, seu patrimônio evoluiu 525%.
O número, contudo, pode ser maior, uma vez que o cálculo leva em conta apenas o patrimônio que de alguma forma foi declarado pelo vereador. O aumento do patrimônio de Calistro ocorreu porque ele registrou em fevereiro deste ano a propriedade. A Fazenda Nossa Senhora da Conceição possui 191 hectares e é a única propriedade registrada pelo parlamentar desde 2012.
Jornal aGazeta