Um esquema de sonegação fiscal desviou cerca de R$ 1 bilhão dos cofres públicos do Rio de Janeiro, informou nesta tarde o Ministério Público Estadual. A cifra foi descoberta com a operação Propina S.A, que cumpre 31 mandados de prisão contra fiscais, contadores e empresários. Segundo a Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MP, que conduz a ação junto com a Coordenadoria de Combate à Sonegação Fiscal, 24 pessoas já foram presas.
A ação, que tem a participação de 306 policiais militares, é resultado de sete meses de investigação e 1.640 horas de escutas telefônicas. Foram ouvidas 85.486 chamadas a partir da interceptação judicial de 63 telefones. Até o momento, foram apreendidos computadores e muito dinheiro, que, de acordo com o MP, está sendo contado. As provas foram recolhidas em escritórios, residências e postos da Secretaria Estadual da Fazenda.
As prisões foram realizadas nos bairros Recreio, Gávea, Barra da Tijuca, Bonsucesso, Tijuca, Jacarepaguá e Charitas, em Niterói. Os detidos foram levados para o Centro Integrado de Apuração Criminal do MP, no bairro de Santo Cristo, na zona norte.
Preso tinha ligação com Abadía
Entre os presos na operação, está o fiscal Francisco Ribeiro da Cunha Gomes, conhecido como Chico Olho de Boi, que foi detido no aeroporto Tom Jobim enquanto tentava embarcar para Manaus. Segundo a deputada estadual Cidinha Campos, vice-presidente da CPI da Arrecadação da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), que deu subsídios para a ação, ele teria ligação com o traficante colombiano Juan Carlos Abadía, que está preso em São Paulo.
Chico teria vendido uma casa em Angra dos Reis, no Sul Fluminense, para o colombiano e depois a teria recomprado sem declarar nenhuma das duas operações. “A compra e a venda foram identificadas após o término da CPI e, por isso, não constam no relatório. Mas comprovamos que ele vendeu o imóvel por US$ 1 milhão e depois o recomprou por US$ 700 mil”, afirmou Cidinha.
O acusado mora em uma casa de R$ 4 milhões, mas a deputada informou que ele passou seus bens para o nome do filho, Alexandre, e de outros familiares. Ela acredita, no entanto, que o filho dele também está envolvido com Abadía. “Desconfio que as lanchas de Abadía foram compradas na loja de Alexandre, que se chama International Boat”, disse.
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