O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou nesta terça-feira que terá “de voltar a romper relações diplomáticas” com Bogotá se forem comprovadas as denúncias de que a agência de inteligência da Colômbia, DAS (Departamento de Segurança da Colômbia), teria realizado espionagem telefônica dele e de outros membros de seu governo. “Com todo meu coração desejo fervorosamente que isso seja absolutamente falso”, afirmou Correa.
As denúncias de um suposto grampo telefônico contra o presidente foram publicadas em uma reportagem do diário equatoriano El Universo, na segunda-feira. Segundo o jornal, uma fonte do DAS teria informado que agentes secretos colombianos teriam interceptado os telefones móveis e do gabinete de Correa, de funcionários do governo equatoriano e de colaboradores.
Correa disse que “como governo, vamos trabalhar, inicialmente, com a versão oficial” do DAS, que desmentiu as acusações já na segunda-feira. “O DAS não realizou nenhuma atividade irregular de inteligência em território equatoriano. (…) De nenhuma maneira e sob nenhum meio o DAS interveio na privacidade do presidente da República do Equador, Rafael Correa, ou de qualquer cidadão equatoriano”, afirmou a agência de segurança em um comunicado.
Em entrevista à radio colombiana RCN nesta terça-feira, o ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Jaime Bermúdez, rejeitou as acusações, reiterando a posição do DAS e disse estar em contato com o governo equatoriano.
Relações diplomáticas
Segundo o presidente equatoriano, no entanto, caso as denúncias se comprovem, elas “não apenas seriam um obstáculo para melhorar as relações bilaterais, como teríamos de voltar a romper relações diplomáticas”, afirmou. “Isso é extremamente grave.”
Correa disse ainda que as denúncias envolveriam a “compra” de funcionários do consulado equatoriano em Bogotá com o suposto conhecimento do presidente colombiano, Álvaro Uribe, e do ex-ministro de Defesa e presidente eleito do país, Juan Manuel Santos.
O Equador rompeu relações diplomáticas com a Colômbia em 2008, depois de uma operação militar do Exército colombiano em território equatoriano para bombardear um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) ali instalado. Durante a operação foi morto Raúl Reyes, então o número dois na linha de comando da guerrilha, e outras 25 pessoas.
No ano passado, Quito e Bogotá voltaram a se aproximar, restabelecendo parcialmente os vínculos diplomáticos com a representação de um encarregado de negócios e adidos militares em ambas capitais.
Espionagem
De acordo com o jornal El Universo, a operação batizada como “Salomón” teria o objetivo de obter informação sobre ações do governo equatoriano. Ainda de acordo com a reportagem do jornal equatoriano, o DAS teria instalado uma plataforma móvel em Quito para grampear os números telefônicos que teriam sido fornecidos por policiais equatorianos aos agentes colombianos.
O Ministério de Segurança Interna e Externa do Equador coordena as investigações sobre as denúncias. “Se isso aconteceu, seria uma situação muito grave”, afirmou o ministro Miguel Carvajal à imprensa equatoriana na segunda-feira, quando as acusações vieram à tona. “Estamos investigando, é uma situação suficientemente delicada para atuar com firmeza, mas ao mesmo tempo com muita prudência”, afirmou o ministro.
BBC/U.Seg