A Polícia acredita ter desarticulado pelo menos um dos quatro esquemas de tráfico de drogas que funcionam dentro das unidades prisionais da Capital. Agentes prisionais da Cadeia Pública do Carumbé apreenderam quatro telefones celulares e 72 trouxinhas de drogas – entre maconha e pasta-base de cocaína – na cela do traficante Valdemir Arruda de Matos, o “Índio”.
A apreensão ocorreu horas após policiais da Delegacia do Complexo do Coxipó prenderem Fábio Arruda Delgado, o “Fabinho, de 22 anos, e Carlos Roberto da Silva, o “Tana”, de 24. Com eles, os policiais apreenderam cerca de 10 quilos de maconha e aproximadamente 600 gramas de pasta-base de cocaína em pedras.
Segundo as investigações, Valdemir comandava o tráfico de dentro da prisão, repassando a Fábio e Carlos orientações sobre onde receber a droga, como pagar aos fornecedores e principalmente a quem entregar o produto. A droga vinha de Campo Grande, através de ônibus de carreira, e o pagamento era feito por meio de ordem bancária.
“O controle completo do tráfico era feito de dentro do presídio. Ele (Valdemir) coordenava tudo e o pessoal do esquema obedecia”, explicou um policial que participou da prisão da dupla. Valdemir, no entanto, nega todas as acusações.
De acordo com a Polícia Civil, o esquema de tráfico de dentro dos presídios na Grande Cuiabá ainda não foi eliminado. Existem mais três gerentes que estão em ação. “O esquema é o mesmo. Por detrás das grades, os traficantes, através de telefones celulares, comandam tudo. Desde a compra e venda, até a entrada da droga nos presídios, tudo”, explicou um policial plantonista.
Na semana passada, os policiais descobriram que um carregamento com cerca de 15 quilos de maconha chegaria de Campo Grande. Na sexta-feira, então, foram à casa de Carlos Roberto, onde encontraram parte da droga embrulhada numa sacola plástica e escondida embaixo de uma lona preta.
Com a prisão da dupla, os policiais precisavam fechar o cerco a Valdemir. Em princípio, havia a informação de que ele estava na Penitenciária Regional de Pascoal Ramos cumprindo pena de seis anos por tráfico. Há duas semanas, no entanto, foi transferido para o Carumbé.
A quantidade de celulares apreendidos com uma só pessoa chamou a atenção dos agentes prisionais. Eles suspeitam que na cela de Valdemir funcionasse também uma espécie de “posto telefônico” – quem quisesse telefonar, pagaria uma taxa.
A Superintendência do Sistema Prisional informou que foi instaurada uma sindicância para apurar a entrada dos celulares e da droga no presídio. Caso seja comprovada a participação de algum servidor, este será afastado.