domingo, 22/12/2024
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Entidades lançam Fórum Estadual pela Democratização da Comunicação

Entidades da sociedade civil organizada conclamam para a criação do Fórum Estadual pela Democratização da Comunicação (FEDC). O que nos motiva é a necessidade de mobilizar todos os setores da sociedade mato-grossense por uma comunicação de fato democrática, plural e com responsabilidade social.

O evento de lançamento será realizado nesta quarta-feira, às 09h, na sede da Associação dos Docentes da UFMT – Oca da Adufmat.
O objetivo central é questionar o monopólio da comunicação no País – na forma e no conteúdo -, contrapondo-nos aos interesses políticos e empresariais dos proprietários de veículos ou concessionários de canais públicos de rádio e televisão.

É necessário ressaltar que o Fórum Estadual pela Democratização da Comunicação nasce com base no Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Atualmente organizado em nove estados e integrado por 15 entidades nacionais, o FNDC surgiu em julho 1991 como movimento social e transformou-se em entidade constituída em 20 de agosto de 1995.

Porém, em que pese o suposto atraso da sociedade organizada mato-grossense em criar o FEDC, esta não é a primeira discussão sobre o tema no âmbito do Estado. O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT), em anos anteriores, foi uma das entidades que participou das discussões para a criação do FNDC junta à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), entidade que discutiu e formulou as Bases do Programa para a Democratização da Comunicação no Brasil.

No entanto, somente agora, com a iniciativa do Conselho Regional de Psicologia (CRP) em chamar a sociedade civil organizada para a discussão é que se vislumbra o nascimento de um movimento forte e consolidado, capaz de criar, junto à sociedade mato-grossense, a necessidade de mobilização com vistas à Democratização da Comunicação.

A luta pela democratização da comunicação vincula-se aos esforços para uma reestruturação da sociedade brasileira, com o estabelecimento de garantias para o acesso a serviços públicos, ao trabalho e a condições de vida dignas para todos os brasileiros. Essa luta não é um esforço com um fim previsível. Envolve tarefas complexas e gigantescas, exige profundidade nas respostas, senso estratégico e mobilização dos setores organizados da sociedade e dos indivíduos.

Tendo em vista essa complexidade e a necessidade de ações conjuntas de toda a população brasileira, o Fórum Estadual será pautado pelos mesmos objetivos estratégicos que movem o FNDC, porém, com os olhos voltados à realidade do nosso Estado, uma vez que existem questões pontuais que exigem um tratamento específico.
Já fazem parte do movimento pela criação do FEDC as seguintes entidades: CRP; Sindjor-MT; IVE; Adufmat; UBM (União Brasileira de Mulheres); Sintrae; Ubes; FACER (Rondonópolis); Sintep; Centro de Direitos Humanos Henrique Trindade; Centro Burnier Fé e Justiça; Sindicato dos Trabalhadores do Tribunal de Contas do Estado e OAB.

Veja abaixo os principais pontos estratégicos a serem trabalhados pelo Fórum:

1. A adoção de um planejamento estratégico para a área das comunicações, com ampla participação de todos os setores da sociedade interessados, como condição para o alcance de objetivos nacionais, construção democrática da vontade nacional, afirmação da autonomia estratégica do país, assim como da cidadania e da dignidade humana;

2. A mobilização dos setores organizados da sociedade para o estabelecimento de formas de controle público sobre os meios de comunicação de massa – sendo controle aqui entendido como um processo eminentemente político, não burocrático, formalista ou censório – como condição para orientar as decisivas determinações do conteúdo destes meios no desenvolvimento da cultura e da democracia no país;

3. A formulação de uma Política de Comunicações que acolha, como elementos decisivos, a participação da sociedade no seu processo de implementação e a incidência democrática sobre os conteúdos veiculados, assim como a apresentação de requisições para as políticas de telecomunicações e informática e o equacionamento das conexões da área de comunicações com as diversas áreas de atuação governamental (educação, saúde, etc.);

4. A reestruturação do mercado de comunicação no Brasil com a criação de condições favoráveis para a concorrência comercial, fortalecimento da capacidade de produção por empresas e entidades, impulso a segmentos da mídia com necessidades de valorização – a exemplo das rádios e TVs comunitárias -, regionalização da produção e ampliação do mercado, inclusive para viabilização da produção hoje sem canais de distribuição, e amplo estímulo à pluralidade de expressão;
5. A capacitação dos cidadãos para a leitura crítica dos meios de comunicação, nas suas diversas modalidades, e para o debate da estética, a partir da compreensão da linguagem e dos artifícios empregados, e desenvolvimento de formas e condições de defesa da cidadania e da dignidade humana em relação à atuação destes meios, entendendo-se que autonomia intelectual dos indivíduos e capacidade crítica são fatores decisivos para a afirmação da autonomia estratégica do país.

6. O desenvolvimento de condições para a assimilação dos aspectos humanizadores da cultura universal, resistência crítica a elementos desagregadores e, sobretudo, com a incrementação de meios e recursos para afirmação positiva da cultura e da autonomia estratégica e da soberania nacional;

7. A transformação do Brasil em um pólo mundial de elaboração teórica, técnico-científica e política sobre comunicação e, em particular, sobre a produção audiovisual, de modo a que o país se prepare adequadamente não apenas para ser informado pela cultura universal, mas também para informá-la;

8. A campanha para fazer valer a portaria 1.220/07 – que regulamenta as disposições da Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA), da Lei no 10.359, de 27 de dezembro de 2001, e do Decreto nº 6.061, de 15 de março de 2007, relativas ao processo de classificação indicativa de obras audiovisuais destinadas à televisão e congêneres – de forma a obrigar as emissoras de televisão brasileiras a se ajustarem tecnicamente e adequarem suas programações aos diferentes fusos horários do país;

9. A discussão e elaboração de propostas para uma legislação que regulamente a atuação de políticos como apresentadores de programas de rádio e televisão durante o período em que estiverem cumprindo o mandato, de modo a evitar o uso desses meios de comunicação para fins eleitoreiros;

10. A gestão junto ao Governo Federal e ao Congresso Nacional para a regulamentação da rede mundial denominada Internet, que hoje representa a principal das novas tecnologias de informação e comunicação, porém, ainda sem legislação específica no Brasil.

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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