A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática vai discutir ações para diminuir as emissões mundiais de carbono
Começa neste domingo (31) em Glasgow, na Escócia, a 26ª edição da Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a COP26. O encontro, que vai até o dia 12 de novembro, reúne líderes mundiais em mais de 50 eventos sobre finanças, energia, juventude, transportes, entre outros temas, sempre com foco em meio ambiente.
Nesta edição, os líderes mundiais vão avaliar o que foi feito desde o Acordo de Paris, marco nas negociações sobre o clima. O documento foi assinado por quase 200 países, na COP21, em 2015, com o objetivo de evitar uma mudança climática catastrófica no planeta. A comunidade internacional espera agora uma atualização dos compromissos.
A ONU tem quatro grandes objetivos para o evento deste ano. O primeiro deles é que os países se comprome
Em um artigo de opinião publicado no site da ONU nesse sábado (30), o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que a crise climática é um alerta vermelho para a humanidade. Segundo as palavras de Guterres os líderes mundiais serão colocados à prova em Glasgow. “Suas ações – ou a falta delas – mostrarão a seriedade com a qual estão tratando esta emergência planetária”, afirmou.
Em outro trecho do artigo, Guterres destaca que o mundo está na rota para que a temperatura global calamitosamente aumente acima de dois graus Celsius. “Esta é uma súplica distante do objetivo de 1,5 grau Celsius com o qual o mundo se comprometeu no Acordo de Paris – uma meta que a ciência nos avisa ser o único caminho sustentável para nosso mundo”, alertou o secretário-geral da ONU. Para ele, este objetivo é completamente alcançável. “Se pudermos reduzir as emissões de carbono em 45%, se comparado aos níveis de 2010 nesta década. Se pudermos alcançar a neutralidade de carbono até 2050. E se os líderes mundiais chegarem em Glasgow com objetivos corajosos, ambiciosos e comprováveis em 2030 e políticas novas e concretas para reverter este desastre”, enumerou.
Guterres disse ainda que os líderes do G20, em particular, precisam se comprometer com a causa. “O tempo já passou para delicadezas diplomáticas. Se governos – especialmente governos do G20 – não se levantarem e liderarem este esforço, rumaremos para um terrível sofrimento humano. Todos os países precisam perceber que o antigo modelo de desenvolvimento de queima de carbono é uma sentença de morte para suas economias e para o nosso planeta”, alertou.
tam a reduzir drasticamente a emissão de gases nocivos à Terra até 2030. As Nações Unidas também buscam propor que os países se adaptem para proteger comunidades e habitats, trabalhando em conjunto. Para atingir esses objetivos, a ONU estima que os países devem mobilizar ao menos 100 bilhões de dólares anualmente até 2030 para a luta contra as consequências do efeito estufa.
Ministro do Meio Ambiente vai representar comitiva brasileira
Com a ausência do presidente Jair Bolsonaro nesta edição da conferência, criticado pela política ambiental que vem adotando, a delegação brasileira será liderada pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. O ministro afirmou no último dia 21 que, durante a conferência, vai buscar fazer com que o uso do etanol como fonte de bioenergia ganhe adesão em escala mundial. Leite afirmou que vai promover o setor, buscando “maior ambição financeira” no incentivo ao produto, na COP26.
Defesa da Amazônia
Durante um encontro em Brasília, no último dia 19, Bolsonaro e o presidente colombiano, Iván Duque, afirmaram que os dois países estarão “unidos” em defesa da Amazônia na conferência que começa neste domingo. “Chegaremos a Glasgow unidos para tratar de um assunto muito importante e caro para todos nós: nossa amada, rica e desejada Amazônia”, disse Bolsonaro. Na ocasião, o presidente colombiano acrescentou que os países da região amazônica compartilham a ideia de chegar a Glasgow com uma mensagem de proteção a esse território.
Brasil e Colômbia concentram 61% e 6% respectivamente da floresta amazônica em seus territórios. Setenta por cento do desmatamento na Colômbia ocorre nessa região. Segundo dados oficiais do país, em 2020, 109.302 hectares foram desmatados em solo amazônico colombiano. Já no Brasil, Bolsonaro prometeu, em abril deste ano, que o país vai eliminar o desmatamento ilegal até 2030. O presidente se comprometeu também a atingir a neutralidade de carbono até 2050, ou seja, o equilíbrio entre a quantidade emitida e a retida.
Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília